A Morte de Um Apicultor
"En Biodlares Död"
De
Lars Gustafsson
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Por Luís Silva
Em A Morte de Um Apicultor são-nos dados a conhecer
os apontamentos (cadernos, assim lhe chama o narrador)
do personagem Lars Lemmart Westin. Este, um ex-professor
primário pré-reformado, divorciado, dedica-se
desde então à apicultura, vendendo o mel
das colmeias da sua pequena quinta em Näset.
Lemmart morre em 1975, deixando os seus apontamentos,
estórias, reflexões acerca da sua condição,
da sua vivência, ou da inexistência dela.
Aparentemente os apontamentos deste personagem poderiam
ser simples notas, apontamentos banais sem qualquer importância.
Simples apontamentos pessoais, que alguns (ou talvez muitos)
de nós escrevemos ao longo dos nossos dias, iguais
uns aos outros, da nossa comum vivência.
Pegando nos três cadernos do personagem (um amarelo,
outro azul e ainda um outro cuja característica
é estar rasgado), Gustafsson reconstrói
parte da vida do personagem , da sua interessante e linear
vulgaridade.
A personagem, ficcionada (ou talvez biografada do próprio
autor) vai-se dando a conhecer, desvendando e contando
a sua história retirada dos três cadernos.
Contudo, existe um elemento que sobressai desde "enredo":
Lars está a morrer. Nega o fim da sua própria
existência, não abrindo a carta proveniente
do hospital que traz os resultados dos exames, pressentindo
saberem quais são. E não se rende perante
a morte. Não a aceita. A dor física (ou
da sua solidão) vai aumentando; e surge a pergunta
de sempre: o Paraíso existe?
Para Lars Westin existe, na medida em que a ausência
de dor é o Paraíso, tão belo quanto
as paisagens suecas que nos são nesta obra descritas.
A Morte surge calma, serena, natural. Demasiado bem aceite.
A esperança, essa, é que nunca morre: "Não
nos rendemos. Recomeçamos."
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