Mais três grandes espectáculos foram apresentados,
"Shirtologia" e "Nu Meio", na passada
terça-feira e "António Miguel",
para o encerramento destes Encontros de Dança,
na passada quinta-feira.
Com a interpretação de Miguel Pereira e
a concepção de Jérôme Bel,
"Shirtologia" criou suspense e divertimento
junto do público presente. Embora Miguel Pereira
afirme que "o humor não é uma característica
que pretende transparecer, mas que pela sua timidez provoca
alguma falha, o que provoca o tal rir do público".
Quer seja falha ou não certo é que "Shirtologia"
espantou o público pela sua criatividade. Miguel
Pereira apresentou uma sequência de T-Shirts, e
cada uma delas continha algo de criativo e informativo.
Dai que esta interpretação se intitule de
"The Art of The T-Shirt" (A Arte da T-Shirt).
Filipa Francisco - recorde-se que esta coreógrafa
abriu os Encontros com "Riso" - e Bruno Cochat
interpretaram "Nu Meio". Esta coreógrafa
revelou-nos que "tanto Riso como Nu Meio são
duas peças que têm muito em comum, dado que
ambas têm o humor como centro, quase como temática".
Afirma ainda que "há contágio de outras
artes e isso verifica-se no cenário, na iluminação,
na música e na coreografia. Todos estes elementos
contêm uma história diferente".
"Nu Meio" fez rir pela sua ironia. Ironia essa
que a coreógrafa afirma estar patente nas relações
dos casais tipicamente portugueses. "O diálogo
entre duas personagens é como uma telenovela, cheio
de lugares comuns, de palavras que explicam encontros
e desencontros, de risos estridentes e de cânticos
de Igreja tranformados em opereta", afirma.
Nesse mesmo dia, Gil Mendo, coreólogo e professor
coordenador na Escola Superior de Dança do Instituto
Politécnico de Lisboa, geriu uma conversa em estilo
de "conversa de café". Discutiu-se entre
coreógrafos, professores e assistentes, a evolução,
nos últimos anos, da Dança Contemporânea
em Portugal.
Diversidade e o movimento na Dança Comtemporânea
Como nos foi dito por Gil Mendo, "o que caracteriza
a Dança Contemporânea é a diversidade,
o desenvolvimento natural do Movimento". Isto deu-se
sobretudo, em Portugal, nos anos 80.
Outro aspecto importante focado nesta Conferência
foi o facto de que este Movimento fez "quebrar"
hierarquias. "Aqui todos passaram a ser criadores",
afirma Miguel Pereira. Esta quebra de regras rígidas
da forma de trabalhar possibilita agora o engenho crítico
e humorístico, misturando as mais diversas artes
de dança.
Na quinta-feira, dia 11, Miguel Pereira apresentou "António
Miguel". "É um andar à procura
de qualquer coisa. Ir além daquilo que temos. Ultrapassar
os limites. Descobrir algo que nos surpreenda, que nos
confronte. Confrontamo-nos com o conforto. Acabo de colher,
algumas novas questões que são novos quebra-cabeças",
são algumas palavras que descrevem a peça
interpretada.
Graça Passos, Direcção Artística
do CENTA, mostrou-se bastante satisfeita dado que se pode
dizer que estes Encontros de Dança tiveram, sem
dúvida, um balanço muito positivo.
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