Administrador dos Serviços Municipalizados assegura
"Água da rede é analisada todas as semanas"

Por Sérgio Felizardo
NC/Urbi et Orbi

 

As queixas de algumas populações do concelho relativamente à qualidade da água da rede, particularmente na freguesia de Cantar Galo, motivaram na última semana, um esclarecimento público por parte dos Serviços Municipalizados da Covilhã (SMAS). Segundo o administrador, Alberto Alçada Rosa, as reclamações dizem respeito à cor acastanhada do liquido que sai das torneiras e, nalguns casos, à presença de partículas em suspensão. No entanto, o responsável deixa uma garantia: "Não há água da rede imprópria para consumo no concelho".
O problema, justifica Alçada Rosa, deve-se, em grande parte, à cinza que invadiu os locais de captação depois dos incêndios que este Verão assolaram a Serra da Estrela. "Já limpámos várias vezes os depósitos e estamos a mudar os contadores das residências, de forma a que não haja acumulações, pois os contadores têm um filtro que segura as partículas e se não for substituído nestes casos a água acaba por não passar. Quando começou a chover desligámos mesmo todas as captações e ficámos só com o fornecimento da Barragem do Viriato, que é bacteriologicamente potável", salienta o administrador. Uma certeza confirmada pelo director-delegado dos SMAS, Leopolodo Santos, que, no entanto, confirma que "quando se deram os primeiros arrastamentos para as zonas de captação foi impossível evitar que isso desse cor e um pequeno sabor à água nalgumas zonas". E acrescenta: "As pessoas não têm, todavia, motivos para se preocuparem com a qualidade porque toda a água injectada no circuito é tratada e submetida a análises semanais muito exigentes no laboratório dos Serviços, que, cinco dias por semana, efectua testes e leituras, de manutenção". Na opinião destes responsáveis, esta sucessão de problemas tem "uma solução definitiva bastante simples" e que passa pela desejada construção de, pelo menos, mais uma barragem. É sabido que a autarquia entregou há vários meses no Ministério do Ambiente projectos para a construção de estruturas nas Cortes e na Atalaia/Teixoso. Até agora ainda não há respostas e Alçada Rosa alerta: "Há cerca de um ano, quando falámos dos problemas da estrutura do Viriato, não queríamos dizer que se ia desmoronar. O que acontece é que a Barragem tem rupturas no fundo, o que nos obriga a aplicar artifícios para aproveitar a água que "foge" da bacia por outras zonas que não as comportas". O administrador revela ainda que, este ano, foi mesmo necessário duplicar as estações de bombagem, "porque a água que se escapa aumentou, também, para o dobro, ou seja para dois mil metros cúbicos por dia".
Para Alçada Rosa, a recusa do Poder Central em autorizar a construção de uma nova barragem, é, por isso, "incompreensível". "A Covilhã tem cerca de 51 mil habitantes servidos directamente por água canalizada fornecida pelo SMAS. 100 por cento das zonas urbanas estão cobertas e nas freguesias rurais apenas cinco por cento ainda não estão ligadas à rede. Portanto a nossa taxa de cobertura concelhia é fabulosa, mas a falta de mais um ponto de abastecimento é insustentável". A tranquilidade quanto a esta matéria e a possiveis problemas de falta de água no futuro, remata o responsável, depende do Ministério do Ambiente: "Este ano, a manterem-se os consumos médios verificados até agora, mesmo que não chova mais, temos água garantida. Em 2002, se não houver pluviosidade em Setembro e Outubro, por exemplo, estaremos mal".
No mesmo dia em que os Serviços Municipalizados disponibilizaram estas informações à imprensa, quinta-feira, 4, a Junta de Freguesia de Cantar Galo convocou os jornalistas para a apresentação de casos relacionados com a água na freguesia. Ao NC, no entanto, não foi enviada qualquer comunicação sobre este encontro.