São cerca de 1050 os trabalhadores de empresas
da Beira Interior que têm o seu lugar em risco,
ou seja, que podem ver as suas empresas fecharem a qualquer
momento. A situação é denunciada
pelo coordenador da União dos Sindicatos de Castelo
Branco, Luís Garra, que confia no entanto, que
as empresas possam ultrapassar os problemas que as afectam,
não dando origem a despedimentos.
Segundo este sindicalista, são quatro as empresas
que estão nesta situação. A fábrica
de transformação de madeiras, a Sotima,
em Proença-a-Nova, que tem ao seu serviço
200 trabalhadores, mas que se encontra a laborar ao abrigo
de um processo de recuperação e que não
está a pagar pontualmente. No Fundão, as
confecções Eres são também
um dos casos problemáticos apontados por Garra,
já que esta multinacional suíça alberga
500 trabalhadores, que em 2001 está dependente
de objectivos. Caso contrário, "a multinacional
decidiu que se não o conseguir terá que
adoptar outras medidas que até ao momento se desconhecem".
Em Belmonte, as confecções Montebela, com
250 trabalhadores, está em processo de recuperação
para ser decidido este mês, mas com desfecho ainda
imprevisível. No Tortosendo, as Confecções
Gil&Almeida, com 100 trabalhadores, tem um processo
de execução fiscal em curso. Luís
Garra recusa a ideia que haja crise nas confecções,
mas salienta serem necessárias medidas governamentais
para fazer face à concorrência estrangeira.
E deixa um recado a algumas destas empresas: "terão
que apostar na qualidade e em novos modelos de gestão
profissionalizada".
No diagnóstico efectuado pela União dos
Sindicatos às empresas da Beira Baixa, são
denunciados ainda quatro mortes, em 2001, por acidentes
de trabalho, 165 processos de acidentes nos tribunais
de Covilhã e Castelo Branco e rescisões
por "mútuo acordo", mas que o Sindicato
considera despedimentos de facto. Cerca de 50 rescisões
aconteceram na Nova Penteação, 20 na Delphi
em Castelo Branco, e 40 nas empresas Danone e Lusitana,
também na cidade albicastrense. Luís Garra
denuncia ainda 19 despedimentos nas Confecções
Serratex, no Tortosendo e 140 nas Confecções
Camila (empresa que encerrou), em Castelo Branco . E adianta
que tudo fará para travar a discriminação
salarial, "como aconteceu na Paulo de Oliveira, em
que se deu 40 contos de gratificação aos
trabalhadores. No entanto, os dirigentes, delegados sindicais
e trabalhadores que tiveram faltas, mesmo de baixa médica,
foram excluídos".
Aumento de seis por cento nos salários
Na origem de todas estas situações estão,
segundo Luís Garra, a falta de obras estruturantes
como são as acessibilidades. "Os Censos 2001
dizem que o distrito continua a desertificar. Haver emprego
de qualidade é fundamental para haver fixação".
É que para o sindicalista, agora que a CGTP festeja
31 anos de existência, a produtividade das empresas
aproximou-se dos níveis da União Europeia,
"mas os salários não". De acordo
com o Sindicato, os salários praticados no distrito
são três quartos dos praticados no continente.
Por isso, no que concerne ao poder de compra, a Covilhã,
por exemplo, aparece como o 67º concelho no nosso
País.
Luís Garra salienta que os problemas de fundo da
economia nacional não assenta nos salários,
já que "o volume de vendas em 1998 foi de
303 milhões de contos e os salários pagos
ascendem a cerca de 27 milhões de contos".
A União dos Sindicatos diz que o problema reside,
por exemplo, na destruição do aparelho produtivo
e na contenção salarial. Por isso a CGTP
propõe para este ano aumentos salariais de seis
por cento, a fixação do salário mínimo
nacional em 73 mil escudos (364,12 Euros), 35 horas semanais,
25 dias úteis de férias, o combate à
precaridade de emprego e o cumprimento das leis do trabalho.
Para o próximo dia 7 de Novembro, o sindicato tem
marcada uma jornada de luta nacional.
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