Não foram atribuídas quaisquer vagas de
internato ao Centro Hospitalar da Cova da Beira este ano.
Esta a grande novidade adiantada por João Casteleiro
nas IX Jornadas de Cardiologia dos Hospitais Distritais
da Zona Centro e as I Jornadas de Cardiologia para Clínicos
Gerais da Beira Interior, que decorreram este fim de semana,
na sala de Congressos do Hotel Turismo da Covilhã.
Uma organização do Serviço de Cardiologia
do Centro Hospitalar Cova da Beira (CHCB), que continua
apostar na formação, ao qual se juntaram
os Centros de Saúde da Covilhã, Belmonte
e Fundão.
Na primeira cerimónia oficial a que presidiu na
Covilhã, a governadora civil de Castelo Branco,
Alzira Serrasqueiro, fez questão de sublinhar que
o sector da saúde vai merecer sempre um "carinho
e atenção especial" da sua parte. O
presidente da Comissão Instaladora do CHCB, João
Casteleiro, aproveitou a presença de Alzira Serrasqueiro,
para lhe transmitir a sua aprensão relativa à
não atribuição de vagas de internato
ao Hospital Cova da Beira. A governadora civil de Castelo
Branco já garantiu que se vai empenhar na resolução
deste problema, e em conjunto com a Comissão Instaladora,
vai fazer chegar ao Ministério da Saúde
o seu desagrado. "Nós não podemos ter
aberto uma faculdade de medicina na óptica da descentralização
das faculdades e de fixarmos profissionais da saúde
aqui na região e depois no final dos 6 anos do
curso não haver vagas para os alunos fazerem o
internato no CHCB. Perdemos completamente o objectivo
fundamental da Faculdade de Medicina", sublinha Alzira
Serrasqueiro. Casteleiro avança com uma justificação
para esta decisão. "Quando falamos demasiado
certo e demasiado verdade acabamos por ser sancionados.
Fomos honestos ao dizer que temos capacidade para fazer
os internatos parcialmente, e penso que não haverá
nenhum hospital, a não ser os hospitais centrais,
com capacidade para fazer os internatos integralmente",
explica.
Faltam cardiologistas no Cova da Beira
A participação dos Centros de Saúde
na organização deste evento foi motivo de
satisfação para o coordenador da Administração
Regional de Saúde (ARS) da sub-região de
Castelo Branco, Sanches Pires. Esta interacção
"prova o espírito de uma boa e sempre saudável
articulação entre o CHCB e os centros de
saúde", justifica Sanches Pires. O programa
científico desta iniciativa foi adaptado de forma
a que os clínicos gerais tivessem uma participação
activa nestas jornadas.
Na sua nona edição, as Jornadas de Cardiologia
dos hospitais distritais da Zona Centro juntaram cerca
de 290 participantes, considerado por António Peixeiro,
um "número record". "A afluência
a estas jornadas de trabalho faz pensar que os médicos
não vão apenas aos congressos para passeio.
Eles vão a muitos congressos para a sua própria
formação de forma a valorizarem-se e a tratarem
melhor os doentes que têm de assistir", recorda
o representante da Ordem dos Médicos, Ernesto Rocha.
Dentro das doenças cardiovasculares, que em 1999
atingiram cerca de 40 por cento da taxa de mortalidade
em Portugal, os Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC) são
a primeira causa de morte e incapacidade. A hipertensão
é o factor de risco mais importante para o AVC.
Esta questão ganha uma dimensão mais preocupante
nos distritos onde a população é
envelhecida, como é o caso de Castelo Branco. O
representante da Ordem dos Médicos, Ernesto Rocha,
considera que a resposta dada pelos hospitais da região,
para fazer face às necessidades que existem, "tem
sido satisfatória".
O Serviço de Cardiologia do Hospital Cova da Beira
tem 15 camas e faz cerca de 700 internamentos por ano.
Os responsáveis por este seviço têm
tentado providenciar o alargamento, mas a principal dificuldade
com que se debatem é a falta de cardiologistas.
"Temos equipamentos recentes e suficientes mas para
rentabilizar as máquinas era necessário
pelo menos oito cardiologistas". A frase é
do director do serviço de cardiologia do CHCB,
António Peixeiro, que é peremptório
em afirmar que a Faculdade de Medicina recentemente criada
na Universidade da Beira Interior (UBI), "em si"
não é uma solução. Já
Luís Elvas, do Hospital Universitário de
Coimbra, acredita que a Faculdade de Medicina "é
um factor positivo se efectivamente o hospital e os centros
de saúde venham a ter as condições
que se consideram óptimas para a prática
clínica".
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