Por Marisa Miranda
NC/ Urbi et Orbi


As jornadas de cardiologia juntaram cerca de 290 prticipantes de várias instituições

Não foram atribuídas quaisquer vagas de internato ao Centro Hospitalar da Cova da Beira este ano. Esta a grande novidade adiantada por João Casteleiro nas IX Jornadas de Cardiologia dos Hospitais Distritais da Zona Centro e as I Jornadas de Cardiologia para Clínicos Gerais da Beira Interior, que decorreram este fim de semana, na sala de Congressos do Hotel Turismo da Covilhã. Uma organização do Serviço de Cardiologia do Centro Hospitalar Cova da Beira (CHCB), que continua apostar na formação, ao qual se juntaram os Centros de Saúde da Covilhã, Belmonte e Fundão.
Na primeira cerimónia oficial a que presidiu na Covilhã, a governadora civil de Castelo Branco, Alzira Serrasqueiro, fez questão de sublinhar que o sector da saúde vai merecer sempre um "carinho e atenção especial" da sua parte. O presidente da Comissão Instaladora do CHCB, João Casteleiro, aproveitou a presença de Alzira Serrasqueiro, para lhe transmitir a sua aprensão relativa à não atribuição de vagas de internato ao Hospital Cova da Beira. A governadora civil de Castelo Branco já garantiu que se vai empenhar na resolução deste problema, e em conjunto com a Comissão Instaladora, vai fazer chegar ao Ministério da Saúde o seu desagrado. "Nós não podemos ter aberto uma faculdade de medicina na óptica da descentralização das faculdades e de fixarmos profissionais da saúde aqui na região e depois no final dos 6 anos do curso não haver vagas para os alunos fazerem o internato no CHCB. Perdemos completamente o objectivo fundamental da Faculdade de Medicina", sublinha Alzira Serrasqueiro. Casteleiro avança com uma justificação para esta decisão. "Quando falamos demasiado certo e demasiado verdade acabamos por ser sancionados. Fomos honestos ao dizer que temos capacidade para fazer os internatos parcialmente, e penso que não haverá nenhum hospital, a não ser os hospitais centrais, com capacidade para fazer os internatos integralmente", explica.

Faltam cardiologistas no Cova da Beira

A participação dos Centros de Saúde na organização deste evento foi motivo de satisfação para o coordenador da Administração Regional de Saúde (ARS) da sub-região de Castelo Branco, Sanches Pires. Esta interacção "prova o espírito de uma boa e sempre saudável articulação entre o CHCB e os centros de saúde", justifica Sanches Pires. O programa científico desta iniciativa foi adaptado de forma a que os clínicos gerais tivessem uma participação activa nestas jornadas.
Na sua nona edição, as Jornadas de Cardiologia dos hospitais distritais da Zona Centro juntaram cerca de 290 participantes, considerado por António Peixeiro, um "número record". "A afluência a estas jornadas de trabalho faz pensar que os médicos não vão apenas aos congressos para passeio. Eles vão a muitos congressos para a sua própria formação de forma a valorizarem-se e a tratarem melhor os doentes que têm de assistir", recorda o representante da Ordem dos Médicos, Ernesto Rocha.
Dentro das doenças cardiovasculares, que em 1999 atingiram cerca de 40 por cento da taxa de mortalidade em Portugal, os Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC) são a primeira causa de morte e incapacidade. A hipertensão é o factor de risco mais importante para o AVC. Esta questão ganha uma dimensão mais preocupante nos distritos onde a população é envelhecida, como é o caso de Castelo Branco. O representante da Ordem dos Médicos, Ernesto Rocha, considera que a resposta dada pelos hospitais da região, para fazer face às necessidades que existem, "tem sido satisfatória".
O Serviço de Cardiologia do Hospital Cova da Beira tem 15 camas e faz cerca de 700 internamentos por ano. Os responsáveis por este seviço têm tentado providenciar o alargamento, mas a principal dificuldade com que se debatem é a falta de cardiologistas. "Temos equipamentos recentes e suficientes mas para rentabilizar as máquinas era necessário pelo menos oito cardiologistas". A frase é do director do serviço de cardiologia do CHCB, António Peixeiro, que é peremptório em afirmar que a Faculdade de Medicina recentemente criada na Universidade da Beira Interior (UBI), "em si" não é uma solução. Já Luís Elvas, do Hospital Universitário de Coimbra, acredita que a Faculdade de Medicina "é um factor positivo se efectivamente o hospital e os centros de saúde venham a ter as condições que se consideram óptimas para a prática clínica".