A Junta de Freguesia do Tortosendo opõe-se à
provável demolição do Cais de Mercadorias
na estação de caminhos de ferro daquela
localidade. Segundo o presidente da Junta, Carlos Abreu,
a REFER deu o dito por não dito quanto à
requalificação daquele edifício,
que a autarquia considera "um palco de abandono e
verdadeiros antros de promiscuidade". A Junta de
Freguesia diz ter, em Julho de 1998, solicitado à
CP a cedência de várias estruturas físicas
na estação de caminhos de ferro do Tortosendo,
já que a mesma se encontra há anos encerrada
comercial e operacionalmente. Após este pedido,
a Junta diz ter recebido da CP, em Outubro de 98, a concessão
dos edifícios pretendidos, embora as chaves do
Cais só fossem entregues posteriormente já
que havia no edifício materiais a serem retirados
pela CP. A partir daí, "firmámos compromisso
com um empreiteiro a fim de proceder a obras de conservação
e reparação dos edifícios, nomeadamente
rebocos e pinturas, bem como ao pedido da baixada eléctrica
e telefone, e ainda à limpeza dos enormes silvados
e arbustos e casebres de madeira que se encontram totalmente
podres" explica Carlos Abreu. Para além disso,
a autarquia procedeu à compra de equipamentos de
mobiliário para o Gabinete de Apoio Social que
a Junta queria instalar e equipamento oficinal (no valor
de cinco mil contos) a instalar no Cais para acções
de formação profissional. Porém,
diz a Junta, "contra todas as expectativas, em Dezembro
de 98, recebemos um ofício a denunciar o contrato
celebrado em Outubro, uma decisão que implicou
elevadíssimos prejuízos financeiros".
Mais tarde, após pedido da Junta para reformulação
do contrato, a REFER informava os responsáveis
autárquicos "que consta nos seus planos a
demolição do cais".
Património histórico da vila
A Junta de Freguesia contesta a decisão, pois
diz que o edifício é património histórico
da vila, que ainda por cima está a poucos dias
de ser uma infra-estrutura de apoio social e que a demolição
não faz sentido, pois não acreditam que
a mesma possa servir para efectuar a implementação
de uma linha paralela, nem para ampliação
da plataforma de passageiros ou implantação
de novos serviços, redução de curvas
e criação de uma zona de lazer. A autarquia
prontifica-se a conservar e reparar aquela área,
mas diz que até ao momento "não obtivemos
qualquer resposta".
Procurámos, até ao fecho da edição,
obter informações quanto a este tema junto
da REFER. Susana Abrantes, desta empresa, diz que, segundo
conseguiu apurar, "não está prevista
a demolição do cais. O que foi feito em
termos de obra foi apenas o alteamento do cais de embarque
e a beneficiação da estação
de passageiros. Não há qualquer indicação
que o cais esteja abandonado ou vá ser demolido".
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