FNE apreensiva
Abertura do ano lectivo
envolta em problemas
Após a análise das
condições gerais da abertura do ano lectivo,
a Federação Nacional dos Sindicatos da Educação
(FNE) diz-se "seriamente apreensiva" nomeadamente
no que diz respeito às "consequências
do impacto produzido pela divulgação dos
resultados dos exames do 12º ano", ao lançamento
da "reorganização curricular do ensino
básico" e ainda à falta de verbas para
o "financiamento do ensino superior".
O modo como foi conduzida a divulgação
dos resultados do 12º ano é considerada pela
FNE uma "distorção completa da realidade
educativa" que, segundo defendem, está a "pôr
em causa alunos e professores". O processo de divulgação,
da "exclusiva responsabilidade do Ministério
da Educação, "deixa imunes os principais
responsáveis, aqueles a quem cabe a condução
política do Ministério da Educação",
defendem.
Apontam ainda a falta de distinção entre
as características das escolas, dizendo que o processo
foi conduzido "sem distinguir as escolas que só
têm via de ensino, daquelas que só têm
ensino tecnológico e das que têm as duas
vias".
O FNE denuncia ainda o facto de apresentarem "realidades
que não podem ser comparadas, como a classificação
interna e a classificação de exame".
Para o FNE este aspecto demonstra bem a "irresponsabilidade"
com que o Ministério da educação
conduziu esta matéria, tornando-se "responsável
pela desqualificação de professores e de
escolas" que está a decorrer e trará
"gravíssimos problemas adicionais".
O FNE defende que não é a qualidade dos
corpos docentes e a organização das escolas
que varia significativamente, mas sim o "nível
sócio-económico-cultural das famílias".
Para o FNE, o ME não apurou verdades nesta questão
e sabe que "a realidade é bem diferente das
análises que estão a ser feitas".
Procurar a verdade nas falhas do Governo
A verdade deverá ser então procurada, segundo
o FNE, na "complexidade e extensão" dos
programas, no "processo de avaliação"
do Ensino Secundário, na "desarticulação
existente entre ensino básico e secundário"
e ainda na "relação estreita"
entre o fim do ensino secundário e o processo de
acesso ao Ensino Superior.
A Federação entende que o ME "é
obrigado a saber que os critérios de avaliação
interna e os da classificação externa não
podem permitir que se façam comparações".
Caso contrário, acrescenta, "deve ser por
inteiro responsabilizado pelas orientações
que são enviadas às escolas", consagradas
em textos legais.
Além disso, há outras consequências
da "atitude pouco responsável do Governo".
O FNE refere que os professores sentem-se "afectados
na sua dignidade profissional" e os alunos que se
encontram nas "ditas piores escolas, sentir-se-ão
desprotegidos" no caso de terem de mudar de escola.
Por outro lado, acrescentam, as escolas "sentir-se-ão
tentadas a fazer a selecção de alunos por
notas, pondo assim em causa o direito ao acesso à
escola pública pelos estudantes que venham pior
preparados de ciclos anteriores.
Como consequência do "repúdio pela actuação
do Governo", o Secretariado Executivo da FNE vai
solicitar uma reunião urgente ao ME para "debater
os fundamentos da avaliação feita aos resultados
do 12º ano".
O início do ano lectivo 2001/2002 fica também
marcado, para o FNE, pela "fortíssima apreensão"
resultante da entrada em vigor da reorganização
curricular no Ensino Básico. O FNE considera-a
"insuficientemente preparada e desajustada das necessidades
dos alunos". Os professores vêem-se "confrontados
com a necessidade de dar aos os mesmos programas com menor
número de tempos lectivos". Além disso
vêem ser-lhes atribuído serviço nas
áreas de "Estudo acompanhado", Área
de Projecto" e Formação para a Cidadania",
"sem quaisquer orientações", denunciam.
Trata-se de uma "demissão de responsabilidades"
que consideram "absolutamente inaceitável",
conluem.
|