A CP poderá vir a comprar comboios usados em Espanha
para assegurarem o serviço regional em Portugal,
o que incluiu a ligação entre a Covilhã
e a Guarda. Este dado é confirmado pelo porta voz
da CP, Carlos Madeira, que salienta ainda não haver
qualquer decisão tomada, mas que "essa ligação
poderá receber esse tipo de material requalificado".
Segundo o jornal Público, uma equipa de peritos
da CP esteve no país vizinho a estudar a hipótese
de comprar automotoras com quase 20 anos, que já
não interessam à empresa de caminhos-de-ferro
espanhóis, a Renfe. Estas composições
conhecidas por "Camelos" (aparência que
os aparelhos de ar condicionado instalados no tejadilho
lhes dão) estiveram para ser vendidas à
Argentina, mas agora o destino mais provável é
o nosso país e concretamente o serviço regional.
A decisão sobre a compra dos comboios só
será tomada no final do mês, depois de analisados
os preços de recuperação e manutenção
das mesmas. A eventual compra das carruagens, construídas
entre 1982 e 1984 pela empresa basca CAF, com motores
da Fiat Ferroviários, poderá vir a anular
um concurso público em fase adiantada para a compra
de 20 automotoras novas, da última geração,
que circulam em grande parte das linhas regionais da Alemanha.
Linha pode ser concessionada
A verdade é que tal medida (caso se concretize)
será um rude golpe nas aspirações
de algumas autarquias que há muito reclamam a modernização
daquele troço. Como é sabido, desde há
alguns anos que o transporte de passageiros entre a Covilhã
e a Guarda é efectuado em automotora, o que não
tem agradado a todos. Por exemplo, o presidente da Câmara
da Covilhã, Carlos Pinto, há muito que contesta
investimentos na linha, pois considera que ir de comboio
da Covilhã à Guarda é muito demorado
e para o provar, já organizou inclusive algumas
viagens com crianças das escolas covilhanenses.
Porém, segundo Carlos Madeira, "quando a CP
toma decisões também tem em conta o próprio
tráfego da linha. Esse troço não
é dos mais procurados, por isso terá que
ter um material adequado a essa procura". Para além
disso, a CP pretende mesmo concessionar a privados as
linhas onde a procura de passageiros é baixa, através
de parcerias com autarquias, associações
de municípios e empresas privadas. O troço
Covilhã/Guarda "poderá enventualmente
adoptar este tipo de solução, pois pensa-se
reduzir custos e introduzir melhorias. A CP não
contribui para o encerramento de linhas, mas existe uma
nova lógica de gestão para zonas onde há
desertificação populacional. Esta decisão
é teórica apenas e não será
imposta a ninguém" salienta o porta voz da
CP, Carlos Madeira, O NC tentou, até ao fecho da
edição, obter uma reacção
do autarca da Covilhã, Carlos Pinto, mas tal não
foi possível.
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