CP pretende reduzir custos e introduzir melhorias na linha ferroviária
Decisão será tomada até final do mês pela CP
Comboios usados vindos de Espanha podem fazer ligação entre Covilhã e Guarda

A ligação ferroviária entre a Covilhã e a Guarda poderá no futuro efectuar-se em comboios usados com mais de 20 anos. O Conselho de Gerência da CP estuda a possibilidade de adquirir as automotoras em Espanha, embora a decisão só seja tomada no final do mês.


Por João Alves
NC/Urbi et Orbi


A CP poderá vir a comprar comboios usados em Espanha para assegurarem o serviço regional em Portugal, o que incluiu a ligação entre a Covilhã e a Guarda. Este dado é confirmado pelo porta voz da CP, Carlos Madeira, que salienta ainda não haver qualquer decisão tomada, mas que "essa ligação poderá receber esse tipo de material requalificado". Segundo o jornal Público, uma equipa de peritos da CP esteve no país vizinho a estudar a hipótese de comprar automotoras com quase 20 anos, que já não interessam à empresa de caminhos-de-ferro espanhóis, a Renfe. Estas composições conhecidas por "Camelos" (aparência que os aparelhos de ar condicionado instalados no tejadilho lhes dão) estiveram para ser vendidas à Argentina, mas agora o destino mais provável é o nosso país e concretamente o serviço regional. A decisão sobre a compra dos comboios só será tomada no final do mês, depois de analisados os preços de recuperação e manutenção das mesmas. A eventual compra das carruagens, construídas entre 1982 e 1984 pela empresa basca CAF, com motores da Fiat Ferroviários, poderá vir a anular um concurso público em fase adiantada para a compra de 20 automotoras novas, da última geração, que circulam em grande parte das linhas regionais da Alemanha.

Linha pode ser concessionada

A verdade é que tal medida (caso se concretize) será um rude golpe nas aspirações de algumas autarquias que há muito reclamam a modernização daquele troço. Como é sabido, desde há alguns anos que o transporte de passageiros entre a Covilhã e a Guarda é efectuado em automotora, o que não tem agradado a todos. Por exemplo, o presidente da Câmara da Covilhã, Carlos Pinto, há muito que contesta investimentos na linha, pois considera que ir de comboio da Covilhã à Guarda é muito demorado e para o provar, já organizou inclusive algumas viagens com crianças das escolas covilhanenses. Porém, segundo Carlos Madeira, "quando a CP toma decisões também tem em conta o próprio tráfego da linha. Esse troço não é dos mais procurados, por isso terá que ter um material adequado a essa procura". Para além disso, a CP pretende mesmo concessionar a privados as linhas onde a procura de passageiros é baixa, através de parcerias com autarquias, associações de municípios e empresas privadas. O troço Covilhã/Guarda "poderá enventualmente adoptar este tipo de solução, pois pensa-se reduzir custos e introduzir melhorias. A CP não contribui para o encerramento de linhas, mas existe uma nova lógica de gestão para zonas onde há desertificação populacional. Esta decisão é teórica apenas e não será imposta a ninguém" salienta o porta voz da CP, Carlos Madeira, O NC tentou, até ao fecho da edição, obter uma reacção do autarca da Covilhã, Carlos Pinto, mas tal não foi possível.