SnowPatrol

"When it's all over we still have to clear up"
-Jeepster, 2001


por sérgio felizardo
O verdadeiro pop/rock independente, que nos finais da década de 80, princípios de 90 fez as delicias dos melómanos mais virados para uma área alternativa, morreu mais ou menos quando os meninos Oasis e outros que tais o "elevaram" ao mainstream e o deram a ouvir aos milhares que, então, para além de devorarem a revista alemã Bravo, começavam, paralelamente, a descobrir as boysbands e tudo o mais a que o consumo maciço apelasse.
Mas antes desses moços ingleses com nome de alucinação no deserto, as terras de Sua Majestade viveram um período áureo, pós-Smiths, onde pontificavam nomes maiores como os Jesus & Mary Chain (mais velhinhos é certo), My Bloody Valentine, Ride ou Stone Roses. Tudo isso já lá vai, mas na Escócia do século XXI há quem não se tenha esquecido da sonoridade pop, dos baixos pulsantes, das guitarras rock melódicas em contraste com os bafos sónicos apanhados na grandiosa América dos Sonic Youth e dos Velvet Underground, e de uma certa pose low profile. Não é que esta rapaziada não quisesse vender discos ou chegar ao máximo de pessoas. O que eles queriam, isso sim, era atingir quem realmente gostava deles pela música e pela sensação de novidade e diferença que transmitiam.
Isto a propósito de um dos mais recentes lançamentos da Jeepster (editora dos Belle & Sebastian, Gentle Waves, Looper, Salako e agora também do vocalista dos Echo & The Bunnymen, Ian McCulloch), o excelente primeiro álbum dos Snow Patrol, "When it's all over we still have to clear up". Às primeiras até pode parecer um disco relativamente banal, mas com o acumular de audições, os Snow Patrol revelam-se grandes construtores de melodias, refrões orelhudos (não facilitistas) e canções, por vezes, até algo épicas, com pequenos apontamentos de piano (a cargo do amigo "sebastião" Stuart Murdoch, em "If I'd found the right words to say" e "Firelight"), cordas e trompetes. Em suma, mais uma pérola Jeepster a descobrir, porque a "independência" ainda existe e não se chama nu-metal, nem tão pouco brit-pop ou Radiohead.