O verdadeiro
pop/rock independente, que nos finais da década
de 80, princípios de 90 fez as delicias
dos melómanos mais virados para uma
área alternativa, morreu mais ou menos
quando os meninos Oasis e outros que tais
o "elevaram" ao mainstream e o deram
a ouvir aos milhares que, então, para
além de devorarem a revista alemã
Bravo, começavam, paralelamente, a
descobrir as boysbands e tudo o mais a que
o consumo maciço apelasse.
Mas antes desses moços ingleses com
nome de alucinação no deserto,
as terras de Sua Majestade viveram um período
áureo, pós-Smiths, onde pontificavam
nomes maiores como os Jesus & Mary Chain
(mais velhinhos é certo), My Bloody
Valentine, Ride ou Stone Roses. Tudo isso
já lá vai, mas na Escócia
do século XXI há quem não
se tenha esquecido da sonoridade pop, dos
baixos pulsantes, das guitarras rock melódicas
em contraste com os bafos sónicos apanhados
na grandiosa América dos Sonic Youth
e dos Velvet Underground, e de uma certa pose
low profile. Não é que esta
rapaziada não quisesse vender discos
ou chegar ao máximo de pessoas. O que
eles queriam, isso sim, era atingir quem realmente
gostava deles pela música e pela sensação
de novidade e diferença que transmitiam.
Isto a propósito de um dos mais recentes
lançamentos da Jeepster (editora dos
Belle & Sebastian, Gentle Waves, Looper,
Salako e agora também do vocalista
dos Echo & The Bunnymen, Ian McCulloch),
o excelente primeiro álbum dos Snow
Patrol, "When it's all over we still
have to clear up". Às primeiras
até pode parecer um disco relativamente
banal, mas com o acumular de audições,
os Snow Patrol revelam-se grandes construtores
de melodias, refrões orelhudos (não
facilitistas) e canções, por
vezes, até algo épicas, com
pequenos apontamentos de piano (a cargo do
amigo "sebastião" Stuart
Murdoch, em "If I'd found the right words
to say" e "Firelight"), cordas
e trompetes. Em suma, mais uma pérola
Jeepster a descobrir, porque a "independência"
ainda existe e não se chama nu-metal,
nem tão pouco brit-pop ou Radiohead.
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