Por Céu Lourenço
NC/ Urbi et Orbi


Castelo Branco é o Distrito com mais área ardida no País

Segundo um relatório provisório da Direcção Geral de Florestas (DGF), arderam, entre 1 de Janeiro e 19 de Agosto 31 mil 767 hectares de floresta e mato. Um número bastante inferior aos 102 mil 706 queimados durante igual período em 2000, e que se "qualifica" como o quinto pior dos últimos seis anos. Só em 1997 os incêndios destruíram uma área inferior à registada este ano: 19 mil 930 hectares. A Beira Interior (Castelo Branco e Guarda) tem sido a região mais fustigada pelo fogo. O distrito albicastrense, aliás, encabeça a lista de área ardida com cinco mil 134 hectares e o da Guarda (dois mil 378) segue na quarta posição, logo atrás de Vila Real e Bragança.
"O nosso receio era que este ano fosse difícil em termos de incêndios florestais. E de facto isso está a confirmar-se", revela Rui Esteves, presidente da Federação Distrital de Bombeiros de Castelo Branco. O longo período de chuvas na região levou a um crescimento anormal do coberto vegetal que prejudica agora o trabalho dos "soldados da paz", bem como os ventos fortes que se têm vindo a sentir. Para além das condições climatéricas, também a topografia dos terrenos não ajuda os bombeiros. "São muito inclinados, cheios de mato e pasto e sem acessos", queixa-se Esteves. No último fim-de-semana, em Enxabarda, no concelho de Idanha-a-Nova, revela, "os bombeiros tiveram dificuldades porque, em algumas zonas, nem uma máquina de rastos conseguiu entrar. Alguns homens tiveram que descer em cordas para combater o incêndio e fazer o rescaldo".

"Mão criminosa" é causa principal

Quanto às causas dos incêndios, o presidente da Federação de Bombeiros não tem dúvidas: "São de origem criminosa". "Os fogos que alastraram pelos distritos de Castelo Branco e Guarda nos dias 25 e 26 de Agosto deverem-se, quase na totalidade, a causas naturais", explica, mas à excepção destes, continua, "os outros resultam de queimadas e, a maioria, de mão criminosa". A prova disso, completa, "é a actividade das entidades policiais, que já levou à detenção de várias pessoas por suspeita de fogo posto". Apesar dos números, Rui Esteves salienta o facto de "não haver vítimas ou habitações a lamentar". No entanto, lembra, "houve situações complicadas, como em Cortes do Meio, onde uma fábrica ficou danificada e o fogo esteve perto das populações".
Quanto a dados estatísticos, no período de 1 de Janeiro a 27 de Agosto registaram-se cerca de mil ocorrências no distrito de Castelo Branco, que envolveram um total de 10 mil 964 homens, duas mil 714 viaturas e duas mil 323 horas de serviço.