Somerset Maugham


Em Terras Estranhas


"Em terras estranhas" não é uma obra única, no sentido em que não relata uma só estória mas sim uma série de contos.
São 29 contos simplesmente maravilhosos, onde o autor tenta extrair da sua essência de ser humano o mais belo, ou horrível, que pode haver.
Aproveitando a sua natureza de viajante e mais ou menos aventureira, pelo Mundo fora, Somerset Maugham capta, ou melhor, fotografa, na sua mais pura essência, a alma do ser humano, narrando de forma perpicaz as mais diversas situações, em muitas das quais foi ele próprio personagem.
O melhor em "Em Terras Estranhas" é a capacidade de condensar em pequenos contos, sem no entanto perder o "norte" das palavras, tudo o que haveria para dizer. Mais ainda, Somerset Maugham dá aos seus contos uma espécie de moral, de fim, quase que uma lição.
Dá-nos, enfim, uma utilidade e, sem perder o sentido estético e psicológico dos seus contos, Somerset faz aquilo, como ele próprio afirma no prefácio, se propõe fazer: divertir.
Estes contos divertem o leitor de forma superior, em cada um deles, à sua maneira, pela sua intenção, isto é, pela lição que cada um traz. Ao mesmo tempo pelo facto das estórias desses contos se passarem "Em Terras Estranhas", numa altura em que viajar era de facto uma aventura (foram escritos na década de 20).
Transporta-nos para paragens ambientais e para uma época em que não deixamos de sentir uma nostalgia não vivida. Como não imaginar as viagens em comboios a vapor, as danças da década de 20, hotéis de natureza colonial, todo aquele ambiente de decadente glória, onde os contos de Somerset decorrem.
Passados quase 80 anos sobre a sua elaboração, S. Maugham leva-nos não só a perceber a utilidade dos seus contos (essa é intemporal) como para uma época tão deliciosa em que eles se enquadram na perfeição.

Por Luís Silva