A Federação de Caça e Pesca da Beira
Interior (FCPBI) é uma das organizações
que não se conforma com as recentes directivas
do Instituto de Conservação da Natureza
(ICN), relativas à proibição de disparar
contra aves migratórias. Consideram que a medida
não vai ter influência alguma porque essas
espécies acabam por ser abatidas no estrangeiro
e exigem o levantamento das restrições.
O assunto está a levantar polémica um pouco
por todo o País e a colocar em campos opostos o
organismo governamental e as associações
de caçadores.
Num encontro realizado no Sabugal no sábado, 11,
a FCPBI e as Associações de Caçadores
aprovaram por unanimidade uma moção em que
"exigem a suspensão imediata da proibição
de caça às espécies migratórias
e consideram-se desvinculados do cumprimento das exigências
do ICN". Esta tomada de posição, dizem,
"deve-se ao facto das mesmas não terem fundamento,
serem despropositadas, discriminatórias e não
cumprirem nenhum objectivo sério de conservação".
"O ICN, a propósito da criação
de novas zonas de caça e da aprovação
dos planos de exploração das já existentes,
toma medidas que radicam num fundamentalismo que dificulta
o diálogo e se baseia na simples proibição,
sem fundamentação credível",
acusam.
Protegidas em Portugal, abatidas no estrangeiro
Para os caçadores as medidas são avulsas
e não abrangentes e resultam no aumento significativo
dos contingentes de abate de países como Espanha
e Marrocos, onde a caça às migratórias
se faz sem qualquer restrição. O que é
necessário, defendem, é estabelecer convenções
internacionais que permitam medidas integradas de conservação.
Para além disso, a decisão não vai
abranger todo o território português, já
que "em muitas zonas de terreno cinegético
não ordenado, e em alguns casos ordenado, essa
caça continua a ser permitida".
As regras abrangem cerca de 225 mil caçadores que
desde quarta-feira, 15, e até Outubro vão
disparar nos cerca de 81 mil quilómetros quadrados
de território que constituem o espaço cinegético.
Perto de 40 por cento está ordenado em zonas de
caça designadas nacionais, municipais, sociais,
turísticas ou associativas. As associativas são
as mais numerosas, um total de mil 481, e estão
a cargo de associações de caçadores.
As turísticas, mais exclusivistas, são 711.
Apenas mais três, 714, pertencem aos municípios
e as nacionais são cinco. No terreno cinegético
não ordenado é possível caçar,
mas como o controle é menor por parte do Corpo
Nacional da Guarda Florestal, registam-se mais infracções.
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