Vários dirigentes associativos reagiram, durante
a passada semana em Coimbra, ao corte de 6,7 milhões
de contos no orçamento para o Ensino Superior com
um ultimato a António Guterres.
15 dias é o prazo dado ao Primeiro Ministro para
um diálogo com os dirigentes associativos. Caso
contrário, os estudantes prometem um início
de ano lectivo "quente" com protestos a nível
nacional.
No documento apresentado aquando da tomada de posição
das associações académicas face ao
anúncio do corte orçamental e às
reacções do CRUP, os estudantes responsabilizaram
António Guterres e exigiram que este se pronunciasse
quanto a esta matéria. No documento entregue ao
Primeiro Ministro e à comunicação
social pode ler-se: "A ausência de resposta
objectiva por parte do Sr. Eng.º António Guterres
apenas virá confirmar o desprezo a que tem votado
as matérias educativas ao longo da sua governação,
aliás bem contrária às promessas
que certamente o elegeram na sua primeira governação".
Por enquanto, António Guterres ainda não
deu qualquer resposta aos estudantes. "Se não
houver reacção por parte do Primeiro Ministro,
isso só mostra o desprezo que ele tem dado às
políticas da Educação nos últimos
anos", disse ao Urbi José Miguel, presidente
da AAUBI.
"Para já ainda não há acções
de protesto planeadas, mas elas vão acontecer caso
o Primeiro Ministro não dialogue com os estudantes.
A campanha vai passar por fortes contestações
quer em termos locais quer nacionais", revelou o
presidente da AAUBI.
"Júlio Pedrosa não tem força
política"
Quanto a Júlio Pedrosa, o dirigente associativo
afirma não verem nele "força política
para alterar esta situação" por esse
motivo, acrescenta, "dirigimo-nos directamente ao
Primeiro Ministro".
José Miguel refere ainda que os dirigentes associativos
não põem em causa a capacidade técnica
de Júlio Pedrosa. "O que aqui está
em questão é que enquanto Reitor da Universidade
de Aveiro e enquanto presidente do CRUP, defendeu posições
críticas relativamente às políticas
do Governo e, logo após ter tomado posse como Ministro
da Educação, veio assumir um orçamento
rectificativo de 10 milhões e 800 mil contos para
as instituições de Ensino Superior, e veio
dar a cara por este corte orçamental, comenta.
"Isto diz-nos claramente que o Doutor Júlio
Pedrosa não é a pessoa mais indicada para
discutirmos esta matéria", afirma.
O dirigente associativo comenta ainda que ao retirar investimento
à educação "O Governo está
a por em causa o futuro do próprio país".
Caso não haja reacção por parte do
Primeiro Ministro, José Miguel promete "uma
forte campanha de mobilização dos estudantes
da UBI" por parte da AAUBI de forma a fazer frente
a este corte "que afecta os alunos desta Universidade"
através de "um grande protesto".
Na tomada de posição que aconteceu em Coimbra
estiveram presentes as Associações Académicas
de Coimbra, da Universidade de Aveiro, da Universidade
do Algarve, da UBI, do Instituto Superior Técnico
e a Federação Académica do Porto.
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