Nove painéis mostram os dois futuros possíveis para as Penhas da Saúde
Câmara da Covilhã prevê investimento superior a dois milhões
Cidade de montanha nasce nas Penhas



A imagem degradada das Penhas da Saúde vai desaparecer. Dentro de alguns anos, a Câmara quer ter todas as infra-estruturas que fazem uma zona residencial de qualidade. O aumento da capacidade de alojamento é um dos objectivos.


Por Rodolfo Silva
NC/Urbi et Orbi

"Nas Penhas da Saúde vai nascer o primeiro aldeamento de montanha, com infra-estruturas gerais de apoio aos habitantes para todo o ano". A afirmação é de Carlos Pinto, presidente da Câmara da Covilhã, durante a abertura do pavilhão onde vão ficar expostos os nove painéis com as duas hipóteses de urbanização para aquela zona. As previsões apontam para um investimento público superior a dois milhões de contos, que vão servir para a requalificação urbana e ambiental e, desta forma, eliminar da paisagem serrana o aspecto de degradação.
Desde sábado, 4, que estão expostos em frente ao Clube Nacional de Montanhismo, nas Penhas, os projectos elaborados pelo gabinete de estudos do engenheiro João Caldeira Cabral, com as duas hipóteses de expansão. No primeiro caso, as casas situadas na parte superior, junto à Pousada da Juventude, são demolidas e criam-se loteamentos novos na zona das piscina. Seriam colocados lotes à disposição dos habitantes que ficariam sem casa, depois de pagas as respectivas indemnizações para construção e aquisição do terreno. Pinto explica que "as pessoas, isentas de taxas e licenças, terão a possibilidade de fazer outra habitação mediante os modelos que projectista vai apresentar para as futura edificações".
O outro cenário envolve uma intervenção de menor escala. Faz-se a reconversão das zonas ocupadas, que no outro estudo vão abaixo, e constroem-se arruamentos, muros, fornecimento de água, electricidade e saneamento, à semelhança do que está a verificar-se na parte central. Pode haver uma ou outra casa, que por se situar no enfiamento de uma arruamento pode ser negociada, mas 90 por cento do construído mantêm-se.
A escolha de uma destas hipóteses vai depender do financiamento que o Ministério do Ambiente colocar à disposição para o plano. Enquanto que na primeira situação o custo é de dois milhões e 100 mil contos, o segundo cenário custa cerca de 400 mil contos mais, isto é, dois milhões e meio. Carlos Pinto, refere que é muito dinheiro, daí a necessidade e envolver o poder central no processo: "Os montantes avultados mostram que é muito importante que isto seja assumido pelo Governo, a quem vamos apresentar estas soluções em Setembro, numa reunião que já tenho marcada com José Sócrates".
Depois de décadas a estudar o assunto, a Câmara pretende criar dentro de dois ou três anos uma cidade de montanha organizada e valorizada, com cerca de mil fogos. Isto passa por trazer para as Penhas, por exemplo, comércio desenvolvido, farmácias, posto da GNR, Correios, central de transportes e posto de abastecimento de combustíveis. "Vai conjugar-se a residência dos que já cá estão, com a daqueles que possam vir para cá viver de uma forma permanente. Queremos criar aqui tudo o que faz um verdadeira zona comercial", salienta o autarca.
Em termos de indemnizações, duas fórmulas vão ser utilizadas. Uma que considera o cálculo com base na avaliação judicial, actualizada em 15 por cento, e outra que calcula o valor na base de 70 mil escudos o metros quadrado construído e sete mil e 500 escudos por metro quadrado de terreno. Pinto rejeita qualquer tipo de especulação e refere que "os acordos vão ter em conta os valores razoáveis". Mas assegura: "Há 200 proprietários que investiram em património nesta área. A defesa desses valores vai ser um dado adquirido".