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Design.identidade
O conceito de esforço
colectivo foi crucial na recuperação europeia
do pós 2ª Grande Guerra. As empresas tornaram-se
reconhecíveis pela uniformidade identitária,
da imagem, mas também do modo de acção,
padronizando o design de comunicação (grafismo
e publicidade) e o design industrial (produto e equipamento).
O esforço criativo passou, por isso, a ser centralizado
em equipas de especialistas que consolidam e regulamentam
todo o projecto identitário (Corporate Identity),
diminuindo o poder transformador atomístico dos
agentes individuais, aspecto que consubstancializa a ética
organizativa e competitiva.
Envolvendo uma simbólica particular, na medida
em que significa a ideologia institucional, seus objectivos,
valores e ideais próprios, o projecto identitário
obriga os designers a trabalharem para tornar plausíveis
aspectos muito diversos, procurando, através dos
modelos e códigos da representação
gráfica, que estes signos sejam atemporais, perenes
porque contemporâneos, isto é, nem dependentes
de um qualquer saudosismo heráldico nobiliário
nem, pelo contrário, do desconstrutivismo pós-moderno.
Em suma, as identidades corporativas resultam de uma panóplia
de objectos, criados em função dos fitos
concretos diagnosticados e das apetências pretendidas:
referências reguladoras e definidoras de estruturas,
aplicações, suportes (analógicos
ou digitais), fontes, paletas, escalas e técnicas.
A coordenação e acompanhamento técnico
da aplicação das normas gráficas,
ao contrário da suposta suficiência dos logótipos,
requer permanente observação (por directores
de arte) da performance das mesmas, em ordem ao conceito
estratégico na contingência global, isto
é, alargada à disputa internacional do imaginário.
Perguntar-se-á o paciente leitor sobre as razões
desta alocução? Certamente pela urgente
caracterização e diferenciação
dos "produtos", num mercado em que a Universidade
constituiu a sua própria economia (feita de numerus
clausus, financiamentos per capita, disputa dos melhores
professores, bem como dos melhores alunos, combatendo
a hegemonia dos estabelecimentos tradicionais), e porque,
não havendo forma sem conteúdo, as coisas
também são o que parecem (e vice-versa)!
Francisco Paiva
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