Um edifício construído de raiz, de traça
moderna, mas materiais sóbrios, vai surgir em plena
zona histórica da Covilhã. A Rua das Portas
do Sol prepara-se para acolher a sede do Clube Nacional
de Montanhismo (CNM), que, ao fim de 15 anos sem casa
própria, garantiu no sábado, 14, o total
apoio da Câmara Municipal para esta nova etapa.
O projecto é da autoria do jovem arquitecto covilhanense,
Pedro Flávio Martins, e segue agora para o Instituto
Português do Património Arquitectónico
(IPPAR) para uma segunda análise. A primeira verificação
dos técnicos do Instituto sugeriu algumas alterações
motivadas pela implementação em área
histórica, mas agora tudo deverá estar já
em conformidade. Pelo menos assim espera o presidente
da autarquia, Carlos Pinto, e o responsável pelo
CNM, José António Pinho. Os dois assinaram,
no sábado, o protocolo que possibilita o arranque
dos trabalhos e promete a sua conclusão até
ao fim do ano.
Pinto espera, assim, que o Clube possa estabilizar e retomar
as suas actividades normais. "Não queremos
que o Montanhismo seja falado porque lhe falta sede e
subsídios, mas sim porque tem um calendário
de actividades e uma casa aberta a todos os amantes da
Serra da Estrela, da montanha em geral e do desporto",
sublinha o autarca. Na resposta, José Pinho não
poupa elogios ao executivo camarário, assegura
que "todos os problemas estão ultrapassados"
e garante: "Vamos estar dentro das muralhas da cidade
e, como tal, seremos autênticos guardiões
da Estrela. Vamos defender e honrar as tradições
da nossa terra e retomar todas as nossas actividades normais".
Pinho é candidato à presidência
do Clube
Do desporto de montanha, com o esqui à cabeça,
mas sem esquecer a escalada e as marchas, até ao
ténis de mesa (há muitos anos desactivado),
José Pinho quer o Clube em funcionamento pleno.
Para que isso aconteça o actual presidente aproveitou
a cerimónia de assinatura do protocolo com a Câmara
e anunciou a sua recandidatura à liderança.
Muito aplaudido pela meia centena de sócios presente,
Pinho espera que a nova sede "atraia mais associados
e muitos jovens". O CNM precisa de pessoas e o espaço
está concebido de forma a agradar a todas as idades,
como explica o arquitecto: "Primeiro porque está
na zona antiga, com grande história e com uma vista
fabulosa para o lado da esquadra da PSP, depois porque
é algo novo e de características modernas".
Traços que, no entanto, continua Flávio
Martins, "lhe conferem o poder de se imiscuir no
que lá existe sem chocar". O espaço
ocupa 300 metros quadrados, é coberto com uma estrutura
metálica revestida a cobre, que lhe dá uma
tonalidade similar à das restantes casas, tem dois
andares, uma varanda panorâmica ao longo de toda
a fachada de vidro, duas lareiras, um salão de
convívio com mesas de ténis, entre outras
particularidades. "Tudo em sistema aberto, pouco
compartimentado e polivalente", realça o arquitecto.
A Câmara Municipal é a responsável
pela construção e financiamento da sede
que, de acordo com o protocolo, passa para a responsabilidade
do CNM por um prazo de 50 anos. Um investimento de 40
mil contos, que inclui o realojamento de duas famílias,
actualmente a habitarem dois edifícios contíguos
à obra e bastante degradados. "É um
acto de justiça para com um clube que nos últimos
48 anos tem um papel de relevo na imagem da Serra",
conclui Carlos Pinto.
|