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tindersticks
Can our love...
Beggars Banquet, 2001
Por Sérgio Felizardo
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E
eles viram a luz.
Ao sexto álbum, os britânicos Tindersticks,
reconhecidos pela melancolia com que sistematicamente
ao longo dos anos adornaram as suas melodias
reminescentes do crooning dos anos 50,
do cabaret e do jazz fumarento, assumem
uma faceta mais luminosa.
Não é que a melancolia, o desespero,
ou a escuridão cantadas por Stuart Staples
e materializadas pelo som dos seus comparsas
fosse negativa, ou resultasse em maus discos.
Muito pelo contrário. Os Tindersticks
sempre fizeram tudo muito bem feito e presentearam
o mundo com alguns dos melhores discos que o
universo pop/rock teve oportunidade de
ouvir. Só que a fórmula ameaçava
esgotar-se e, se já no anterior "Simple
Pleasures" a mudança de rumo
era audível, "Can
our love..." confirma que, definitivamente,
era para aqui que os Tindersticks caminhavam.
Para a soul negra que não esquece
Curtis Mayfield e Marvin Gaye, para os ritmos
que continuam dolentes, mas que ganham vivacidade
e calor ("Sweet release"), e até
para um ligeiro sabor a funk que obriga,
por vezes, a movimentações dançantes
(ouça-se "People keep comin' around").
Até a voz de Staples e a maneira de cantar
estão diferentes. Com mais energia, embora
a sonoridade continue inconfundível.
"Can our love..."
é, por isso, uma redescoberta da banda.
Não apenas "mais do mesmo",
mas também "muito mais que só
o mesmo".
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