Um dos momentos mais emblemáticos da visita de
António Guterres à Beira Interior, nos passados
dias 6 e 7, foi a viagem de comboio, na sexta feira, 6,
entre a estação de Vale Prazeres e as Donas,
terra natal do primeiro-ministro, que o acolheu com aplausos,
bandeiras e gritos "Guterres, Guterres".
As obras de modernização desse percurso
da Linha da Beira Baixa (LBB) foram a razão da
passagem da comitiva governamental pelo novo troço.
A viagem foi feita numa automotora, com 52 anos, totalmente
reconstruída com material de origem, num custo
total de 180 mil contos. 100 quilómetros por hora
é a velocidade máxima a que pode chegar
a nova viatura, que contém sistemas mecânicos
novos, climatização e 90 lugares sentados.
Uma iniciativa que, segundo Crisóstomo Teixeira,
presidente do Grupo CP, é para continuar: "A
perspectiva é termos dentro de algum tempo todo
o serviço regional, entre Castelo Branco e Guarda,
assegurado por um conjunto de cinco automotoras, como
esta, que ficarão aqui sediadas permanentemente".
O projecto da LBB, que envolve uma extensão de
240 quilómetros entre Entroncamento e Guarda, está
dividido em seis fases, que se prevêem concluídas
em 2006. 37 milhões de contos é o investimento
total do conjunto que, na primeira e segunda fase, se
divide em seis milhões para o troço Vale
de Prazeres - Covilhã (33 quilómetros) e
11 milhões para Mouriscas A - Castelo Branco (79
quilómetros), já em curso. Os objectivos
das intervenções são vários:
aumento da velocidade de circulação e da
segurança interna, possibilidade de comboios pendulares,
electrificação, sinalização
electrónica, instalação de novos
sistemas de telecomunicações, melhoria de
acesso às estações, interfaces, funcionalidade,
conforto e redução de custos e aumento da
produtividade.
Novos horários continuam até Janeiro
Dado que, segundo Crisóstomo Teixeira, não
há muitas reclamações com a mudança
dos horários na LBB, a verdade é que estes
se vão manter até Janeiro de 2002. Por outro
lado, o presidente garante que "no fim deste mês
volta a haver comboios entre Castelo Branco e Covilhã,
dado que as obras neste troço estão em bom
ritmo". Uma fase transitória que traz incómodos
aos utentes, mas, como refere Rui Cunha, secretário
de Estado Adjunto do ministro dos Transportes e Equipamento
Social, "estamos a beneficiar a Linha para as pessoas
ficarem melhor servidas, com velocidade, segurança
e conforto". Após este tempo dos autocarros,
continua, "virá a compensação".
Quanto ao Comboio Académico e ao TGV, as esperanças
ainda são efémeras. Teixeira afirma que
em relação ao primeiro, "fizemos um
estudo local e não tivemos conclusões que
fossem favoráveis à sua introdução".
Mas acredita que depois de se verificarem melhorias na
parte norte da Linha, haverá condições
para relançar o serviço, que servirá,
sobretudo, os alunos deslocados da Universidade da Beira
Interior. Em relação ao TGV, Cunha apresenta
a situação: "Continuamos os estudos
e entendemos que a alta velocidade é uma oportunidade
que não se pode perder, mas temos que utilizar
os fundos comunitários". E acrescenta: "Vamos
ver qual a dimensão e o traçado, para que
antes do fim do ano, possamos escolher, delinear e decidir
por onde vai passar".
[ler artigo relacionado]
"6
de Setembro" contesta novos horários da CP
|