Poeta beirão recebe Prémio Camões
Eugénio de Andrade é marco da língua portuguesa

 

Foi este, entre outros, o motivo que levou o júri do Prémio Camões, galardão instituído em 89 pelos governos português e brasileiro, a distinguir o poeta de berço beirão Eugénio de Andrade. Eugénio, pseudónimo de José Fontinhas, nasceu na Póvoa da Atalaia, concelho do Fundão, no dia 19 de Janeiro de 1923, mas cedo, com nove anos de idade, parte para o litoral onde estuda e começa a escrever. Com dezenas de obras publicadas e traduzidas em quase outras tantas línguas, o júri, composto por Isabel Allegro de Magalhães, Maria Irene Ramalho dos Santos, José Manuel Mendes, Alberto da Costa Silva, embaixador do Brasil, Dionísio Toledo e Carlos Heitor Cony, também brasileiros, reconheceu em unanimidade "os altos méritos da sua escrita ao longo de uma obra vasta, consistente e coerente".
A simplicidade que transparece na escrita, toma-lhe ou é tomada pela realidade. À notícia que o dava como o 13º distinguido pelo mais prestigiado galardão no meio literário da língua portuguesa, reagiu com surpresa e modéstia, tendo mesmo afirmado à imprensa não saber se estava "à altura de outros autores que já o receberam". Depois de Miguel Torga, João Cabral de Mello Neto (brasileiro), José Craveirinha (moçambicano),Vergílio Ferreira, Rachel Queiroz (brasileira), Jorge Amado, José Saramago, Eduardo Lourenço (também beirão), Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos (angolano), António Cândido de Mello e Sousa (brasileiro), Sophia de Mello Breyner Anderson e do brasileiro Autran Dourado, chegou a vez de, aos 78 anos, o conceituado escritor receber mais uma distinção. Um prémio no valor de 12 mil contos que lamenta não ter recebido quando "tinha apenas 50 anos e prazer em viajar". O galardão vai ser entregue durante a cimeira luso-brasileira, que vai decorrer nos dias 4 e 5 de Setembro no Brasil.