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Podiam
perfeitamente ser norte-americanos. Podiam mesmo ser,
por exemplo, do Mississipi, mas também de Nova
York, ou Austin. Aliás, poucos neste planeta
têm o rock, os blues, o funk, a soul e o hip-hop
tão entranhados nas suas personalidades como
os filhos da Terra Prometida. Poucos, mas alguns é
certo. Entre estes está uma rapaziada de Coimbra,
que dá pelo nome de Wray Gunn e acaba de editar
aquele que, até ao momento, pode ser considerado
como o mais fantástico, fresco e original álbum
português de 2001.
Os The Wray Gunn são o projecto do ex-Tédio
Boys Paulo Furtado (acompanhado por Miguel Pinheiro
- voz, Francisco Correia - dj e sampler, Sérgio
Cardoso - baixo, Pedro Pinto - bateria e percussão
e Raquel Ralha e Luís Pedro Madeira, dos também
conimbricenses Belle Chase Hotel, respectivamente
na voz e teclados), o que, só por si, já
explica o som de "Soul Jam". Furtado percorreu
a América em duas digressões com os
Tédio, sentiu na pele, nos ossos e no seu âmago
criativo o país e absorveu-o. "Soul Jam"
é o resultado mais que elucidativo dessas viagens
"coast to coast", tal como qualquer melómano
imagina que seja: uma banda, uma carrinha, milhares
de quilómetros pela frente, muitos palcos para
pisar e inúmeras influências para absorver.
Neste disco há bocadinhos de James Brown ("Get
up on your feet and dance"), Sly and the Family
Stone ( no funk clássico de "Under my
skin") ou Cypress Hill ("W. G."), há
uma versão de uma música gravada por
Frederic Knight em 1972 (o single "Lonely"),
há melodias viciantes ("Going Down"),
há a rudeza blues-rock de "Ain´t
gonna break my soul" (e a fabulosa versão
em português cantada por Adolfo Luxúria
Canibal) e há, sobretudo, um convite explícito
à dança. Por isso ponham-se de pé
e... dancem.
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the
wray gunn
soul
jam
discos
Norte Sul 2001
por sérgio felizardo
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