Dulce Pinheiro, coordenadora distrital de Castelo Branco
do executivo do Sindicato dos Professores da Região
Centro (SPRC), Helena Arcanjo, coordenadora regional do
1º Ciclo no SPRC, e Francisco Almeida, coordenador
nacional do 1º Ciclo da Federação Nacional
de Professores, apresentaram na quarta feira, 27 de Junho,
os resultados de um estudo que pretende dar a conhecer
aos encarregados de educação e ao público
em geral a falta de recursos com que laboram as escolas
básicas do 1º ciclo da região. O estudo,
que aponta para diversas carências tanto de material
didáctico como de condições físicas
para prestar todos os serviços sociais às
crianças, foi realizado junto de 85 escolas do
distrito, ou seja, 36,1 por cento das 235 existentes.
Os resultados, afirma o SPRC, confirmam "que as escolas
nãos estão preparadas para a reforma da
reorganização curricular".
Do levantamento feito conclui-se que 38 por cento das
escolas não têm biblioteca e que 45 por cento
das escolas onde ela existe funcionam em mau ou muito
mau estado. O material experimental, importante suporte
à aprendizagem, não existe em 86 por cento
das escolas, sendo que, das 12 escolas onde existe, 6
afirmam que está em mau ou muito mau estado. O
mesmo se passa com os mapas actualizados (61%), caixas
métricas (52%), projectores de diapositivos (75%)
e retroprojectores (93%), ausentes na maior parte das
salas de aula.
76 das 85 escolas não possuem qualquer serviço
de refeições, afectando dois mil 933 alunos
necessitados deste serviço. 75 por cento destas
escolas não têm campo de jogos, 93% não
têm balneários, e 80% não têm
instrumentos musicais.
Do universo avaliado, 41 escolas continuam sem telefone
e sem auxiliares educativos. Duas escolas não possuem
qualquer tipo de aquecimento, e em 36 ele funciona mal
quer por se encontrar degradado, quer por que a instalação
eléctrica não suporta o seu funcionamento
ou quer por a escola não ter verbas para a compra
do gás.
Autarquias não investem nas escolas
Para os sindicalistas esta situação de
"penúria" é consequência
da medida governamental de 1984 que transferiu as competências
sobre estas escolas, anteriormente do Governo central,
para as autarquias locais. Para o SPRC esta transferência
não pode ser feita nos moldes actuais e defende
a criação de órgãos próprios
dentro das escolas capazes de gerir um orçamento
próprio que deveria ser criado, à semelhança
dos estabelecimentos dos outros níveis escolares.
Francisco Almeida acusa mesmo algumas Câmaras da
região centro de discriminação e
de tomarem decisões políticas em detrimento
da questão educativa. "Câmaras há
que preferem investir em clubes profissionais de futebol
do que no equipamento das escolas", afirma o professor.
As Câmaras por sua vez queixam-se de falta de verbas
e contestam o não reforço dos seus orçamentos
para cobrir estas despesas.
Os sindicalistas defendem que este problema se reflecte
no próprio rendimento escolar dos alunos. Defendem
ainda que as actuais escolas se encontram desajustadas
à realidade do País e que "uma escola
que conta unicamente com os manuais escolares e com a
extrema dedicação dos professores não
exerce qualquer poder de atracção sobre
as crianças".
Para os professores os resultados obtidos nas provas aferidas
de matemática e português confirmam esta
constatação. O distrito de Castelo Branco
foi aquele que obteve piores resultados na prova de matemática
e apenas medianos nas provas de português.
"ME queixa-se dos maus resultados mas das 85 escolas
[avaliadas neste estudo] 53 não têm biblioteca."
O SPRC interpela a tutela sobre que outra forma "senão
lendo" pode "aumentar a linguagem e a capacidade
de inferir sobre um texto".
O SPRC já remeteu os resultados desta avaliação
para o Ministério da Educação , Assembleia
da República, Associação Nacional
de Municípios Portugueses, associações
de pais e autarquias.
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