Justiça mais célere e eficaz é o
objectivo do Gabinete Médico-Legal (GML), inaugurado
no Hospital da Cova da Beira na terça-feira, 26.
Diariamente, sete médicos estarão disponíveis
para analisar os casos que necessitem de atenção
da medicina legal, sejam eles autópsias ou análises
no âmbito de agressões ou acidentes de trabalho.
No mesmo dia, a Universidade da Beira Interior (UBI) e
o Instituto Nacional de Medicina Legal (INML), estabeleceram
um protocolo de cooperação que permite aproveitar
as vantagens da nova Faculdade de Ciências da Saúde,
em termos de recursos humanos, laboratórios e formação
de técnicos.
A criação do GML é um passo em frente
na realização dos exames de natureza tanatológica,
isto é, autópsias, bem como a avaliação
dos danos corporais no âmbito do direito penal,
civil e do trabalho. Passam, assim, a existir melhores
condições para exercer o serviço
que era realizado, quando era possível, nas salas
dos tribunais das comarcas da Covilhã, Fundão
e Sabugal.
Até agora, muitas das peritagens eram feitas uma
semana depois da ocorrência, uma situação
que prejudica os relatórios e as decisões
judiciais. António Costa, ministro da Justiça,
deu conta dessa vantagem na hora da inauguração:
"A justiça vai ser mais rápida e de
maior qualidade. Os peritos estão lá todos
os dias em vez de se deslocarem à comarca uma vez
por semana. Os exames passam a ser feitos em cima do acontecimento
e permitem analisar os vestígios com maior qualidade".
A descentralização dos serviços é
um dos objectivos do Governo. A intenção
é abrir 31 laboratórios destes até
ao final da legislatura, número onde se incluem,
refere Duarte Nuno Vieira, presidente do INML, os de Castelo
Branco e Guarda. "Não tenho ainda datas previstas,
mas espero que a abertura dessas infra-estruturas ocorra
entre o final deste ano e o princípio do próximo",
revela.
Uma vez que quando foi elaborado o projecto do hospital
foram construídas as instalações
que permitiram a instalação do GML, o investimento
ficou-se pelos 10 mil contos. Carlos Abreu, coordenador
do Gabinete covilhanense, está satisfeito com as
condições "excepcionais para a realização
dos exames médicos para os vários processos
judiciais", bem como na sala de autópsias
"equipada com tudo o que é necessário".
Quanto ao pessoal, Nuno Vieira esclarece que "estão
assegurados todos os recursos humanos". "Temos
peritos de muita qualidade, alguns em mestrado, e, aqui,
vão estar pessoas bastante qualificadas",
acrescenta.
UBI colabora com Instituto de Medicina Legal
A aposta na prestação de um serviço
de qualidade com técnicos capazes é um dos
objectivos que está por trás da assinatura
do protocolo entre a UBI e o INML. As duas entidades ligam-se
intimamente com vista à colaboração
em termos de pessoal, equipamentos e investigação.
A Universidade facilita a formação de quadros
do Instituto, dentro da nova Faculdade de Ciências
Médicas, a utilização dos laboratórios
para investigação e actividade pericial
e, ainda, a possibilidade dos seus docentes exercerem
actividades médico-legais no âmbito do Instituto
de Medicina Legal. Por seu turno, o organismo judicial,
para além de autorizar que os seus médicos
em regime de exclusividade exerçam funções
como docentes convidados, autoriza a utilização
de material cadavérico para fins de ensino e investigação.
Segundo o responsável pelo INML, o organismo "tem
dificuldades em responder, de forma célere e atempada,
a todos os pedidos de peritagem que lhe são solicitados
por falta de meios e pessoal". "Daí a
necessidade de contar com estas instituições
que possuem laboratórios e médicos com formação",
sublinha.
Quanto à UBI, a intenção de fazer
um ensino de medicina inovador passa por introduzir os
alunos na prática logo desde o primeiro ano. Através
deste acordo é possível aceder à
componente médico-prática essencial na formação
dos licenciados dentro da anatomia e da medicina legal.
Luís Taborda Barata, presidente do Departamento
do Ciências Médicas, acrescenta ainda a vantagem
da investigação que a Universidade quer
fazer, "beneficiar de material humano, com o qual
é possível desenvolver actividades que permitem
melhorar a prestação de serviços
no campo da medicina legal".
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