"Agora, com a nova ponte, Penamacor e Valverde del
Fresno podem unir esforços na defesa dos seus legítimos
interesses e ambições de desenvolvimento".
As palavras são de Ferro Rodrigues, ministro do
Equipamento Social, que, ao lado de José Luís
Gonçalves, edil de Penamacor, Juan Carlos Rodrigues
Ibarra, presidente da Junta da Extremadura, e Francisco
Alvarez Cascos, ministro do Fomento espanhol, inaugurou
a infra-estrutura na segunda-feira, 8.
Cerca de 20 metros de cumprimento é quanto mede
a nova travessia que, mais do que uma simples ponte de
passagem, pretende marcar a diferença nas relações
entre as duas regiões e, simultaneamente, entre
os dois países. Reclamada há várias
décadas por ambos os lados, a estrutura vem, finalmente,
"realizar o sonho e cicatrizar a ferida que existia
entre os dois povos". Quem o defende é Juan
Carlos Ibarra: "Antes só nos relacionávamos
para o contrabando. Agora, podemos caminhar juntos rumo
à Europa, esbater as fronteiras e apostar num futuro
mais próximo". A ideia é partilhada
por José Luís Gonçalves, que aguardava
a obra "desde miúdo, quando tinha que ir a
Espanha e apanhava alguns sustos ao atravessar o riacho".
"Além da ligação dos dois concelhos,
a ponte tem uma importância vital, dado que ambos
se situam no centro do eixo de ligação à
fronteira marítima portuguesa, às praias,
à Cova da Beira", diz o autarca. Mas acrescenta:
"Ao mesmo tempo, permite uma aproximação
mais rápida a Madrid e ao centro de Espanha".
O intercâmbio de investidores é outra vantagem
da infra-estrutura apontada pelos responsáveis.
Francisco Cascos é claro quando, dirigindo-se a
Ferro Rodrigues, convida os portugueses a "invadirem"
Espanha. "Dizem que existe um pressão de investidores
espanhóis sobre o vosso território. Devo
dizer-lhe que ficamos contentes que Portugal nos invada.
Qualquer investidor vai ter sempre a porta aberta".
Sem deslizar na ironia, Gonçalves aproveitou a
oportunidade para lançar o desafio: "Esta
ponte traz-nos muita responsabilidade e não vai
permitir mais desculpas, sobretudo dos empresários".
"Agora têm um sinal de esperança e convite
à capacidade de aventura em concorrer de igual
para igual no mercado espanhol", acrescenta.
Estrada 569 é o próximo passo
Cerca de 100 mil contos é o custo da nova ligação,
comparticipados, na íntegra, pela Junta da Extremadura.
Ferro Rodrigues não se mostrou incomodado com esse
facto: "Isso não nos preocupa. O fundamental
não é o custo, aqui reduzido, mas o significado.
O valor psicológico. E esse é grande".
Assim, perante a despreocupação do ministro,
o edil penamacorense apressou-se a pedir outras obras
vitais para o desenvolvimento da região. A remodelação
da estrada 569, que liga Penamacor ao local da festa,
Rio Torto, foi a mais reclamada. "Com a existência
de um projecto realizado pela autarquia, há vários
anos, os trabalhos podem começar mais rápido",
diz.
Contudo, o pedido não obteve resposta concreta
nem do ministro nem do secretário de Estado das
Obras Públicas, Vieira da Silva, que acompanhou
a comitiva. A oferta de disponibilidade para futura cooperação
entre administração central e local foi
o máximo oferecido pelos políticos. "É
uma obra que vale a pena fazer depois desta ligação
ter sido melhorada. Trabalharemos em conjunto para a fazer
o mais rápido possível", conclui Vieira
da Silva.
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