Educação Sexual
adiada nas escolas
Professores querem apoio
orçamental e formativo
Por Patrícia Caetano
"Ter ou não
ter educação sexual nas escolas" foi
o tema da acção de formação
promovida pelo Sindicato dos Professores da Zona Centro
que pretende definir o estado da educação
sexual e formular estratégias para a sua abordagem.
O Sindicato dos Professores da Zona Centro (SPZC) realizou
na passada sexta feira, dia 8, no Edifício das
Ciências Sociais e Humanas da UBI um encontro de
docentes com o intuito debater e definir a introdução
da disciplina de Educação Sexual nas escolas.
Em 1999, o Ministério da Educação
(ME) lançou nas escolas portuguesas os traços
gerais da disciplina de Educação Sexual.
O projecto previa uma abordagem transversal desta matéria,
ou seja, um tratamento da sexualidade por todos os professores,
em todas as disciplinas, através de actividades
didácticas.
Contudo, apesar da obrigatoriedade da disciplina, que
deveria ter começado a ser leccionada no início
deste ano lectivo, o Ministério não forneceu
atempadamente o material didáctico para o seu funcionamento.
Segundo o coordenador adjunto do SPZC, Carlos Costa, "é
até caricato que o ME tenha produzido literatura
para a disciplina e que ela nunca tenha chegado às
escolas".
No decorrer deste encontro formativo, foram tecidas duras
críticas ao desempenho do Governo nesta matéria,
nomeadamente o facto de se imporem projectos às
escolas, sem qualquer apoio orçamental e formativo.
A situação agrava-se quando a carga horária
dos professores aumenta e não se contratam mais
profissionais. Paralelamente, a obrigatoriedade do cumprimento
dos programas das disciplinas, pelos quais os alunos são
avaliados, coloca a disciplina de Educação
Sexual num plano secundário.
Não está em causa a importância da
Educação Sexual, afirmam os docentes, contudo
"a sua abordagem tem de ser feita de uma forma muito
natural e cuidada, numa perspectiva de informação
e colocando em relevo a importância da comunicação
e dos afectos na sexualidade", argumenta Carlos Costa.
Por isso os docentes alertam para a necessidade de abordar
estas matérias em turmas mais pequenas.
Ensino requer médicos e psicólogos
Para Carlos Costa impõe-se
cada vez mais a necessidade de "ensinar a construir
uma sexualidade responsável e partilhada que vise
o crescimento integral e a maturação psico-afectiva".
O ensino desta temática deve, portanto, passar
por uma acção conjunta com equipas de médicos,
enfermeiros e psicólogos, permitindo a actualização
permanente das questões sobre sexualidade.
Apesar da formação de alguns professores
em áreas cientificas propícias à
divulgação do tema, como por exemplo a Biologia,
todos são unânimes em relação
à necessidade de existir uma formação
específica sobre como transmitir estes conhecimentos.
"Não se pode falar só em questões
genitais, é preciso alertar sobretudo os alunos
que falam da sexualidade sem conhecimento de causa",
refere Carlos Costa.
É por estas razões que os professores se
sentem cada vez mais descontentes com a actuação
do governo, que impõe a disciplina de Educação
Sexual nas escolas, sem fornecer quaisquer apoios. O poder
dos "Reality Shows" foi também um ponto
em discussão. Os docentes afirmam que estes têm
um efeito nefasto na formação sexual dos
jovens pela transmissão de "libertinagens
e comportamentos que não são os mais correctos".
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SPZC
pondera adesão à greve
"Aguardamos cedências do Ministério
da Educação"
A
greve nacional de professores agendada para
os dias 18 e 21, provavelmente não contará
com a participação dos professores
afectos ao SPZC. Segundo o coordenador adjunto
do SPZC, Carlos Costa, os docentes aguardam
algumas cedências em relação
à revisão curricular, caso contrário
"não teremos outra alternativa senão
aderir à greve", explica.
Para o Ministério da Educação,
a diminuição das aulas de 50 minutos
para 45, justifica este aumento de duas horas
semanais. Desmotivados com as más condições
de trabalho, os docentes não aceitam
que a revisão curricular implique um
aumento de duas horas semanais. "A revisão
curricular não pode ser feita à
custa dos professores", conclui Carlos
Costa.
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