António Fidalgo
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Aulas e
exames
É esta a última semana de aulas na UBI. O
semestre não
chegou todavia ao fim. Faltam os exames. Aulas e exames fazem
parte da vida
escolar e académica como as duas faces
necessárias de uma medalha.
Dizer isto é importante, porque, obedecendo à
tentação
da facilidade ou da via larga, pretende-se muitas vezes banir
pura e simplesmente
os exames.
Há quem contraponha aos exames uma
avaliação contínua.
Neste caso, os alunos são avaliados ao passo e
à medida em que
aprendem. Mas aceitando a bondade desta ideia - e ela
é boa, porque mediante
uma avaliação frequente professores e alunos se
vão dando
conta do efectivo processo de ensinar e aprender -, corre-se
o risco de querer
eliminar uma avaliação efectiva. Toda a
avaliação
é, utilizando um conceito matemático, discreta,
ou seja, não
contínua. Para avaliar há que avaliar qualquer
coisa e na questão
da aprendizagem só pode ser a posteriori. Quem aprende
precisa de tempo
para aprender tal como quem ensina precisa de tempo para
ensinar. Ora ensinar
e avaliar ou aprender e ser avaliado são realidades
diferentes com tempos
diferentes. Mesmo na avaliação dita
contínua existem momentos
de avaliação, por mais frequentes que estes
sejam. Mas são
momentos próprios, distintos, discretos.
Se há coisa que pertence ao património cultural
da humanidade
é a distinção dos tempos. Mais do que um
mesmo tempo existem
vários tempos que se sucedem, mas que não se
confundem num todo
uniforme ou contínuo. A Bíblia diz que
há um tempo diferente
para cada coisa, como por exemplo, um tempo para semear e um
tempo para colher.
A avaliação contínua pretende, e bem,
que, por um lado,
os alunos tomem consciência de que o sucesso da
aprendizagem depende do
trabalho contínuo, e por outro, os professores se
dêem conta (tenham
o feedback) da efectiva progressão dos alunos. Mas, e
repito, a avaliação
é sempre discreta. As eleições
são nas democracias
momentos discretos de avaliação e de escolha.
Mesmo na vida de
cada um tem de haver momentos de exame, de reflexão e
de avaliação.
Na vida escolar não pode ser diferente.
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