Há filmes, bem
como outras expressões, impressões
e estórias, que valem pela sua simplicidade.
Quase que dissimulado, se faz despercebido e fica
lá, num espaço próprio à
reflexão. São muitas vezes desta espécie
os sentimentos pelos quotidianamente próximos.
As nossas trocas, os ensinamentos transmitidos,
donde resultam enriquecimentos mas muitas vezes
as interrogações e condenações.
Um pouco sobre isto reflecte "Recursos Humanos",
filme francês, rodado na Normandia, que conta
a estória de um confronto de ideias e condições
entre pai e filho. Laurent Cantet, realizador desta
obra, de um tema modesto faz um filme que é
já para muitos uma referência, tendo
reunido inúmeros prémios nos festivais
de cinema da Europa. Destaque para a interpretação
de Jalil Lespert (Frank), único actor profissional
do elenco, no papel de um licenciado em Economia
que acaba de entrar na fábrica de seu pai
para o lugar de estagiário no gabinete de
Recursos Humanos da empresa. Incumbido de melhorar
os índices de produtividade, o confronto
de interesses com os trabalhadores torna-se iminente.
Um dedo indicativo, o de Laurent Cantet, apontado
ao "cinismo da expressão" que não
diferencia pessoas de stocks e capital.
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