Coro da UBI promove serão cultural
Música ancestral contagia público

Por Patrícia Caetano

Pela terceira vez consecutiva, o Coro da UBI foi o anfitrião de um serão cultural que, na noite de sábado, 2 de Junho, encheu de música o anfiteatro das Sessões Solenes desta universidade. Um espectáculo que seduziu o público pela diversidade de géneros musicais e pelas viagens mágicas à Índia antiga através dos mantras.


Reminiscências da Índia antiga: força, poder e energia

O Ocidente começa a levantar o véu que cobre a tradição milenar da Índia. A Universidade de Yôga do Porto pretende reavivar em Portugal, as reminiscências do yôga primordial, com cinco milénios de existência. Para o presidente da representação em Portugal da Universidade Internacional de Yôga, Luís Lopes, "o yôga é uma arte prática, que conduz ao estado de mega conhecimento e alta lucidez, cuja metodologia fornece ao ser humano uma dinâmica de força, poder e energia".
A presença desta universidade neste serão cultural ficou marcada pelo reencontro com a tradição antiga hindu. Joana e Bruno, apresentaram duas coreografias que remontam às interpretações que se realizavam na Índia antiga. A sensualidade da mulher, complementa a força máscula do homem, numa sociedade que é tipicamente "matriarcal, sensorial e anti-repressora", explica Luís Lopes.
Cada momento desta arte é único, uma vez que os movimentos nunca se repetem. O corpo irradia vida, os movimentos sequenciais permitem aprender a respirar melhor, a atingir graus de concentração mais profundos, a gerir as emoções, a optimizar a sexualidade através do tântra. Por isso, o prazer que emana do yôga pré-clássico, o Swáthya Yôga, "transforma-se cada vez mais numa filosofia de vida adoptada pela cultura ocidental", conclui o docente.

Os encontros entre coros universitários são uma constante na vida académica. O simples prazer de cantar faz da voz destas pessoas um instrumento que deixa a sua solidão, para se fundir na "orquestra" ao sabor das pautas. Reunir os saberes desta arte que é o canto em coro e transmitir as tradições subjacentes, é o principal intuito destes serões que se realizam de terra em terra, de universidade em universidade.
A sua essência deambula por uma diversidade de tradições. O Coro ubiano, por exemplo, apresenta um repertório rico em contrastes tradicionais. A interpretação de obras clássicas que remontam ao século XV, como o canto "à capela", é intercalado com músicas de folclore português. Sob a direcção da maestrina Maria Martha Segre, a actuação do coro passou por temas populares como "Vosso Galo Comadre", "Moira" e "Ó Ana".

O Sânscrito personificado pelos mantras

Os mantras, são um elogio à mitologia hindu: Shiva, Krishna, ou aos mestres mais conceituados do yôga da tradição indiana. A Universidade de Yôga do Porto introduziu esta arte musical que nos faz regressar a um passado longínquo. O yôga antigo, Swáthya Yôga, acenta no prazer da auto-suficiência que era transmitido pela tradição oral, sendo o sânscrito a língua que permitia o seu conhecimento. Hoje o sânscrito pertence às línguas mortas, esquecidas pelo pó dos milénios.
No entanto, a simplicidade da sua composição musical transmite uma energia que gera a boa disposição nas pessoas. De facto, também o Coro da UBI e o Coro da Faculdade de Economia do Porto se deixaram contagiar por esta tradição milenar, incluindo no seu repertório alguns mantras. Uma inovação que enriquece cada vez mais a arte de cantar em coro e a fusão de tradições tão distantes como a portuguesa e a hindu.