A Associação Cultural da Beira Interior
(ACBI) está disposta a abrir um novo Conservatório
na Covilhã se, para isso, contar com o apoio da
Câmara Municipal. Esta intenção surge
na sequência da recente demonstração
de interesse, por parte da ACBI, em tomar as rédeas
do actual Conservatório e de uma consequente reunião
com o Ministério da Educação.
Segundo declarações do maestro Luís
Cipriano, presidente da Associação, em conferência
de imprensa realizada na segunda-feira, 11, "a vontade
que existia de pegar na instituição, prendia-se
com a hipótese de serem criados cursos superiores
de música na Universidade da Beira Interior, o
que possibilitava o aparecimento de uma Orquestra Sinfónica
da Beira Interior". A ideia, continua Cipriano, "foi
transmitida à Câmara Municipal no sentido
de esta servir de intermediário para a realização
de uma reunião entre a ACBI e a direcção
do Conservatório". Um encontro que nunca chegou
a acontecer e que, entretanto, não deverá
ser necessário. É que, na última
semana, o maestro reuniu com o Ministério da Educação
e tomou conhecimento de que o alvará do Conservatório,
pertencente ao Orfeão da Covilhã, não
é, por lei, "transmissível por actos
entre vivos". Para além disso, salienta, "foi-me
dito no Ministério que, se o Orfeão não
quiser o alvará, não poderá funcionar
mais nenhuma escola no edifício que o Conservatório
ocupa". "Uma medida relacionada com as condições
das instalações, pelo que nos foi aconselhado
que arrancássemos com um conservatório de
raiz, capaz de, em 2003/2004, estar apto a integrar a
Rede Nacional de Conservatórios", confirma
Cipriano. E acrescenta: "Na Rede só pode estar
uma entidade e, se na altura existirem dois conservatórios
na Covilhã, o Estado vai escolher o que apresentar
melhores condições".
Contactada pelo NC, a vereadora com o pelouro da Cultura
na Câmara covilhanense, afirma ter "conhecimento
da intenção da ACBI", mas assegura
que ainda não sabe pormenores". A explicação
mais detalhada esteve marcada para terça-feira,
só que, segundo Maria do Rosário Pinto da
Rocha, "a reunião com o maestro Cipriano teve
de ser adiada por motivos de saúde deste".
A vereadora deixa, no entanto, uma certeza: "A autarquia
está interessada em discutir o assunto e conhecer
o projecto da Associação Cultural".
"Ensino da música mais simples e barato"
Actualmente "a gozar de boa saúde financeira,
com um esquema de ensino musical infantil montado e com
resultados visíveis", a Associação
Cultural da Beira Interior, nas palavras do seu presidente,
poderá mesmo avançar com um Conservatório
nas instalações que ocupa. Uma situação
que precederia a passagem para uma sede definitiva, mas
que tem a luz verde do Ministério.
Para Luís Cipriano, este projecto significa, também,
uma forma de simplificar a progressão no ensino
da música a quem o queira seguir. E dá o
exemplo: "Os alunos que temos agora a frequentar
o projecto Zéthoven na Pré-Primária
e 1º Ciclo poderiam, no 2º Ciclo, transitar
para o Conservatório e, nos anos seguintes, optavam
por continuar ou passar para a Escola Profissional de
Artes da Beira Interior, até chegarem à
altura do Ensino Superior". O maestro realça
que "a ACBI não tem qualquer problema com
as equivalências dos seus alunos, que após
os cinco anos do Curso Geral ficam com as mesmas habilitações
que os do Conservatório", mas sublinha que,
"até em termos financeiros seria tudo mais
fácil". Uma afirmação comprovada
por um estudo económico que, diz Cipriano, "demonstra
que os alunos da Associação poupam, no final
do Curso Geral, mais de mil 550 contos". Números
que soltam o desabafo: "Com os 36 mil contos que
a autarquia deu para a sede do Conservatório, mais
os oito mil recentemente atribuídos em sessão
de Câmara, mantínhamos o nosso Conservatório
a funcionar sem problemas durante seis anos".
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