Os doentes renais da Covilhã estão perto
de verem a sua vida mais facilitada. A instalação
de uma unidade de Hemodiálise na cidade, até
ao final do ano, está, apenas, dependente da luz
verde do Ministério da Saúde. A ideia foi
apresentada por Carlos Pinto, presidente da autarquia
serrana no sábado, 26, no 19º Encontro de
Covilhanenses, em Espinho.
"É um projecto que vai resolver não
só o problema das pessoas da cidade que têm
que se deslocar à Guarda, Castelo Branco ou outras
cidades, como possibilita que se recebam doentes de outros
distritos". As palavras são do edil que pretende
não só colmatar a "grande lacuna"
da região, que tem o maior número de doentes
neste domínio, como fazer intercâmbio entre
cidades e instituições.
Ernesto Rocha, nefrologista, que tem sob sua responsabilidade
180 doentes renais da Beira Interior, é um dos
mais interessados na iniciativa que, diz, "está
suspensa por causa do Ministério". Resolvido
a investir cerca de 200 mil contos na infra-estrutura,
que já tem terreno previsto junto ao Hospital da
Cova da Beira, o médico "vê-se de mãos
atadas". "Não posso apostar com força
no projecto enquanto os responsáveis não
pararem com o disparate que estão a fazer ao negar
mais convenções para esta área",
diz. E reforça: "As unidades de Hemodiálise
da Guarda e Castelo Branco estão pelas costuras
e o número dos utentes tende a aumentar com o agravamento
da doença em todo o País".
O esforço do médico em minorar o problema,
que abarca toda a região do Interior, vai de encontro
ao desejo de Carlos Pinto. Mas, embora a Câmara
já tenha aprovado e deliberado a instalação
e tenha pensado na cedência de terrenos, o autarca
garante que "a culpa do impasse é do Governo".
"Por nós avançámos já,
apenas esperamos as negociações entre a
empresa concessionária e o Ministério, para
efeitos do protocolo", sublinha.
Num concelho onde há cerca de 60 doentes renais
que andam dezenas de quilómetros para se tratarem
nas cidades limítrofes, a unidade constitui uma
mais valia. "Vem facilitar-lhes a vida e trazer o
que precisamos no domínio médico para qualificar
a Covilhã como uma cidade da saúde",
afirma o presidente.
Hemodiálise e Faculdade de Medicina
O investimento, que "significa mais de meio milhão
de contos", é privado e pertence a uma multinacional
alemã que o pretende conjugar com a futura Faculdade
de Medicina. No entanto, Ernesto Rocha, profissional da
empresa, refere que "o projecto fica inviabilizado
enquanto o Ministério da Saúde não
alterar a sua filosofia política".
A nova Faculdade de Ciências Médicas da cidade,
que vai arrancar em Outubro, pode, segundo Pinto, "ser
o factor de decisão". Uma conjugação
de necessidades que, para o autarca, "pode desenvolver
serviços complementares ao nosso hospital e à
localização de cuidados de saúde
no domínio do próprio ensino da medicina".
O arranque da unidade de Hemodiálise podia acontecer
em simultâneo com o da nova Faculdade, diz o edil,
mas "as coisas não correram como contávamos
e agora está tudo atrasado". Mesmo assim,
Carlos Pinto deixa o desejo de que tudo fique decidido
até ao final do ano.
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