Departamento de Ciências Aeroespaciais
Engenharia Aeronáutica

Intercâmbio desenvolve investigação

A Licenciatura de Aeronáutica é ministrado na UBI há 10 anos. É a primeira e única licenciatura em Engenharia Aeronáutica do país, sendo que até à data da sua criação era necessário recorrer a técnicos estrangeiros para a realização de actividades aeronáuticas nacionais.

Por Claúdia Cardoso


Estruturas de apoio

Os alunos deste curso podem complementar os seus conhecimentos teóricos nos laboratórios onde está a ser construído o primeiro avião integralmente projectado e concebido em Portugal:
. Laboratório de Aerodinâmica e Mecânica de Fluidos
. Laboratório de Sistemas de Aeronaves
. Laboratório de Mecânica de Voo (simulador)
. Laboratório de Instrumentação e Controlo
Os alunos dispõem, ainda, de acesso ao Centro de Informática (ligação à Internet: correio electrónico e www).

Estrutura curricular

Duração normal do curso: 5 anos lectivos

- Área científica do curso:


- Aeronáutica e Astronáutica
- Mecânica e Termodinâmica
- Informática, Automação e Controlo


- Nº. total de unidades de crédito necessárias à concessão do grau: 175

- Áreas científicas e distribuição das unidades de crédito:


- Áreas científicas obrigatórias:

a) Matemática - 21
b) Física e Química - 14
c) Mecânica e Termodinâmica - 31,5
d) Electrotecnia e Electrónica - 17,5
e) Informática, Automação e Controlo - 20,5
f) Economia e Gestão - 10
g) Aeronáutica e Astronáutica - 49

- Projecto:

Créditos: 11,5

Surgiu há dez anos e é a única formação universitária em Ciências Aeroespaciais do País. Naturalmente a procura dos seus licenciados é constante e muito superior à capacidade de formação.
Os objectivos da Licenciatura de Engenharia Aeronáutica passam por uma formação de técnicos superiores nas áreas das ciências aeroespaciais especialmente nos campos do planeamento, concepção e manutenção de aeronaves, bem como operação de estruturas de apoio, nomeadamente aeroportos, companhias de transporte aéreo, oficinas e outros.
Assim, os engenheiros aeronáuticos diplomados, saem preparados para trabalhar ao nível do projecto e fabrico de aviões e componentes, manutenção e reparo de aeronaves, operação de aeronaves, ou seja, a parte relacionada com o emprego do avião, como ele deve ser melhor utilizado principalmente pelas companhias aéreas.
Podem ainda desempenhar funções no domínio do controle de tráfego aéreo e aeroportos, bem como actividades de ensino.

Procura maior que a oferta

Arranjar emprego, sendo licenciado em Engenharia Aeronáutica não é difícil. "Só está desempregado quem quer", afirma o presidente do Núcleo de Estudantes de Aeronáutica (AeroUBI).
Até à data, todos os licenciados têm obtido colocação facilmente.
Segundo Ivan Camelier, presidente do Departamento de Ciências Aeroespaciais, "actualmente estamos numa fase em que temos bastantes solicitações, antes mesmo dos licenciados saírem". De facto, a oferta é menor que a procura. O número de alunos licenciados a sair para o mercado de trabalho não é suficiente para responder à forte procura das empresas, não só do ramo aeronáutico.
"Até empresas do ramo automóvel pedem licenciados nossos", diz Ivan Camelier.

Intercâmbio e cooperação

O Departamento de Ciências Aeroespaciais tem relações de intercâmbio e cooperação com várias universidades estrangeiras, que passam pelo envio e recepção de alunos e professores.
Tendo uma forte participação no programa Sócrates, da UBI já foram alunos para Inglaterra- Universidade de Cranfield, Itália- Instituto Politécnico de Milão e França- Escola Nacional de Aviação Civil. A UBI já recebeu estudantes da Polónia e da Itália.
Da Universidade Federal de Minas Gerais (Brasil) e do Instituto Tecnológico de Aeronáutica do Brasil a UBI já recebeu professores que vieram passar um semestre ou um ano, para ensinar, dar cursos.
Com as Universidades de Glasgow, Munique e Carolina do Norte encontra-se em fase de preparação um curso de mestrado internacional - Curso de Mestrado Internacional em Engenharia Aeroespacial.

O projecto Sagre

Quando em 1995, a disciplina "Projecto de Aeronaves" (4º ano) foi leccionada pela primeira vez, devido ao convénio, veio da Universidade de Minas Gerais (Brasil), o professor de projectos Cláudio Barros. Ficou na UBI durante um semestre.
Cláudio Barros e os três únicos alunos da cadeira realizaram um projecto preliminar de um avião bilugar baptizado com o nome "Sagres". No ano seguinte, foi a vez de Rogério Pinto Ribeiro, docente da mesma universidade brasileira, vir à UBI passar cerca de um ano em que ministrou a disciplina "Fabricação e Manutenção de Aeronaves" (5ºano). Aos mesmos três alunos que no ano anterior tinham projectado o avião, era agora ensinado como fabricar peças de avião. Os exemplos práticos eram o fabrico de algumas peças do Sagres. O entusiasmo era geral e pensou-se construir o protótipo do avião.
Algumas peças foram construídas, mas com o regresso do professor ao Brasil e o facto de os três alunos terem terminado a licenciatura levou à falta de mão de obra para ir adiante com a construção do avião.
Dois dos três alunos regressaram mais tarde à UBI e em conjunto com um outro assistente continuaram ainda o fabrico do protótipo. Logo se deram conta que tinham que progredir na carreira académica e a disponibilidade era cada vez menor.
"A construção de um avião destes requer muito tempo e nós não temos disponibilidade de gente que nos permita entrar numa actividade mais dinâmica em relação ao avião", refere Ivan Camelier.
Ainda assim, o projecto não foi totalmente abandonado. "A ideia de fabricar o protótipo ainda existe, só que estamos a ir num ritmo mais baixo, sem termos planos de quando o acabar", salienta Ivan Camelier, que afirma ser solicitada ocasionalmente a ajuda de técnicos exteriores à universidade.
Os próprios alunos colaboram quando podem, ainda que seja extra currículo.
Actualmente, no departamento procede-se à montagem de um avião ultra-ligeiro, de pouca carga, comprado em kit encontrando-se em fase de acabamento.
A grande diferença em relação ao Sagres é que neste as peças já foram compradas prontas. "É só montar o quebra cabeças", diz o presidente do departamento. Não é necessário fabricar as peças, que é a grande dificuldade do Sagres uma vez que não há tempo nem pessoas com experiência para o fazer.