Atitude e postura são trunfos importantes na hora
de procurar emprego
Conferências Grande Exame na UBI
Aprender a gerir a carreira
e as opções de emprego

Muitas são as dúvidas que assaltam as mentes dos finalistas quando confrontados com a tarefa de procurar o primeiro emprego. Fornecer as armas de defesa para as primeiras batalhas no mercado de trabalho foi o objectivo da conferência interactiva: "As profissões que as empresas mais procuram".

Por Patrícia Caetano

Procurar o primeiro emprego, ou apenas o estágio profissional, não se cinge à simples tarefa de redigir currículos. É preciso vender uma atitude e saber transmitir qual é a mais valia do recém licenciado em determinada empresa. Foi esta a ideia deixada a todos os presentes na conferência promovida pela AIESEC na passada quarta feira, 22 de Maio do anfiteatro 6.1.
Anabela Ventura, psicóloga, salienta: "É preciso dar-se a conhecer". Segundo a psicóloga, a gestão de uma carreira deve ser feita pelo candidato. As decisões têm início na redacção do curriculum vitae e na escolha de estágios em empresas alvo. Para que esta tarefa seja bem sucedida, Anabela Ventura aconselha: "Devem estar atentos aos anúncios dos jornais e à rede de contactos". E esta promoção de contactos tem um objectivo único: obter informação sobre as perspectivas das empresas valendo-se dos contactos com pessoas que pertencem ao nosso meio, mas que convivem com outros.
Contudo, a empresa vai exigir que nos adaptemos à sua filosofia. A entrevista é, portanto, crucial no processo de admissão. "É a impressão que a pessoa vai dar. É muito importante que a pessoa seja ela própria mas o cuidar-se com a imagem também facilita", explica a psicóloga.
Num estudo recente constatou-se que o que o candidato responde numa entrevista tem um peso de sete por cento na sua avaliação. O tom de voz (38 por cento) e a postura não verbal (55 por cento), em conjunto com uma imagem cuidada, constituem factores decisivos para a aceitação, ou não, de uma pessoa numa empresa.

Como peixe na água

O perfil dos executivos mais procurados exige sobretudo uma sólida formação académica, aliada ao domínio de idiomas e à experiência multinacional. Ser capaz de aprender, ter capacidade de iniciativa, liderança e espírito de equipa, são as qualidades dos profissionais de amanhã. "O executivo do futuro tem de ser como peixe na água", salienta José Caetano, responsável pelo recrutamento de executivos na Talent Search.
Superar os pontos fracos e orientar as experiências pessoais e profissionais de acordo com as constantes adaptações do mercado é fundamental para que se cumpram novas metas e se atinjam os resultados propostos pela empresa.
O Grupo Amorim, que actualmente desenvolve negócios em áreas tão diferentes como a cortiça, o turismo ou a imobiliária, conta aproximadamente com seis mil funcionários efectivos. António Carlos Almeida, responsável pelo recrutamento garante que "é necessário que os colaboradores tenham rigor no comportamento ético e profissional, e que saibam mobilizar-se nos diversos ramos da empresa". Para este profissional, o trabalho já não pode ser visto de modo sistematizado. Para acompanhar as mudanças do mercado, é fundamental que as pessoas sejam preparadas para funções mais globais.




 

Camilo Lourenço alerta
"As faculdades correm o risco de se tornar cada vez mais obsoletas"


Uma das principais falhas apontadas ao ensino universitário é a sua falta de ligação ao mundo real das empresas e a escassa componente prática da matéria leccionada.
Camilo Lourenço, director editorial da revista Exame, lamenta que as faculdades portuguesas ainda mantenham o espírito público dos anos 60, 70, e 80. Este docente universitário condena sobretudo o quase inexistente "corpo de pensamento", ou seja um departamento de investigação nas diversas áreas que " pague às pessoas só para pensar", explica.
Deste modo justifica-se que a credibilidade das universidades passe por aquilo que elas produzem de novo e por um marketing que consiga vender o produto, ou seja o ensino que a torna diferente das outras. Esta divulgação é conseguida através da organização de seminários, conferências, debates e da divulgação das obras publicadas pelos docentes das universidades. Esta acção de marketing é fulcral. A concluir, Camilo Lourenço deixou um alerta: "as universidades correm o risco de se tornar cada vez mais obsoletas e de perder alunos".