O Sindicato dos Professores da Região Centro,
Professores e educadores do distrito de Castelo Branco
juntaram-se para debater as propostas do Ministério
da Educação (ME) relativas ao estatuto da
carreira docente. Em cima da mesa esteve um documento
sobre a acção reivindicativa. Este caderno,
aprovado no VII Congresso Nacional dos Professores realizado
em Março último, critica duramente as medidas
que o ME quer implementar na carreira docente.
A revisão da actual legislação sobre
quadros, concursos e colocações foi "chumbada"
pelos professores nesta reunião. De acordo com
o sindicato, a definição do número
de lugares de quadro deve assentar na articulação
de vários critérios, entre eles o número
de alunos por turma, número de professores e horas
necessárias para corresponder às novas áreas
curriculares e realidades das escolas. A isto "o
ministro (da Educação, Augusto Santos Silva)
responde que as escolas e os alunos são todos iguais",
afirma a sindicalista, Conceição Figueira.
Outra das reivindicações do Sindicato prende-se
com a aposentação voluntária dos
docentes com 30 anos de serviço. Estudos realizados
mostram que a profissão docente é hoje vista
como uma das que provoca um maior desgaste físico
e psíquico. E os professores não estão
sozinhos nesta luta. Também os enfermeiros reclamam
a aprovação desta exigência, "mais
ou menos nos mesmos termos", sublinha Conceição
Ferreira.
Os professores opõem-se à transição
entre quadros de escola e quadros de zona pedagógica
pois "a medida não dá maior estabilidade
nem às escolas nem aos professores", defende
Dulce Pinheiro.
Professores pedem mais vagas para ensino especial
Outro dos problemas apontados pelos docentes está
relacionado com a educação especial. A tutela
mantém a posição de que só
nos quadros de zona pedagógica deverão ser
criadas vagas para os docentes da educação
especial. O Sindicato responde com uma pergunta: "não
haverá situações que justifiquem
a existência de docentes especializados nos quadros
de escola?". A confirmar e apoiar esta posição
dos professores está um estudo realizado pela Inspecção
Geral de Educação (IGE). Avaliadas quatro
mil 703 instituições do ensino não
superior, a IGE encontrou um inesperado número
de turmas em "situação especial",
recomendando ao ME uma reflexão e a revisão
do conceito de alunos com Necessidades Educativas Especiais
(NEE).
Para além da discussão de todas estas medidas,
Dulce Pinheiro não deixou de fazer o apelo à
adesão dos professores a esta luta. "Considero
falta de profissionalismo o facto de os professores não
lutarem pelos seus direitos", esclarece.
No final, o documento reivindicativo "Pela estabilidade
do corpo docente" foi aprovado por unanimidade. Foi
igualmente decidida a realização de uma
greve a nível nacional, nos dias 18 e 21 de Junho,
datas coincidentes com os exames nacionais de Matemática
e Português. A data foi "escolhida de propósito
já que estes exames têm sempre uma elevada
taxa de alunos inscritos". No entanto, a greve poderá
ser cancelada "caso o ministro inverta a sua forma
negocial", salienta Dulce Pinheiro.
Depois de reuniões plenárias e de esclarecimento
na Covilhã, Fundão, Seia e, na passada sexta
feira, em Castelo Branco, a moção irá
ser entregue na Centro da Área Educativa do distrito.
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