Maria de Fátima Simões
em entrevista
"Saber livresco
não é suficiente"
Por Raquel Fragata
Em Outubro, a UBI vai abrir
a Licenciatura em Psicologia que ficará para já
integrada no Departamento de Ciências da Educação,
onde se concentram actualmente os docentes com formação
específica da Psicologia. O curso já está
registado pelo Ministério da Educação
e o processo aguarda agora a fixação do
número de vagas. O corpo docente também
já está constituído, garante a futura
director, Maria de Fátima Simões, e irá
combinar docentes de vários departamentos e áreas
científicas da UBI: Medicina, Gestão e Economia,
Sociologia, para além da Educação.
Urbi et Orbi - A Licenciatura em Psicologia vai ficar
integrada no Departamento de Ciências da Educação,
a sua abertura é aguardada para o próximo
ano lectivo. Como está o processo de constituição
do corpo docente?
Maria de Fátima Simões
- O corpo docente para o primeiro ano está
assegurado, com dois doutorados e uma mestre, que já
leccionam Psicologia há vários anos. Para
além da colaboração do Departamento
de Ciências Médicas para as áreas
da Biologia e Genética e Psicofisiologia, e também
de Gestão e Economia, para as áreas de estatística,
e Sociologia, com as Ciências Sociais que integram
o currículo do primeiro ano, como a Psicologia
do Desenvolvimento, por exemplo.
U@O - Quais são as principais
áreas de formação desta Licenciatura?
M.F.S. - Tem grandes áreas.
Nos três anos há uma estrutura básica
que é constituída por áreas científicas
da Biologia, Psicologia e Matemática. A parttir
do quarto ano há a possibilidade de optar por uma
das três áreas de formação:
a Psicologia Clínica e da Saúde, a Psicologia
Escolar e da Educação e a Psicologia das
Organizações.
U@O -Este é um currículo
próximo das outras Licenciaturas existentes em
Portugal. Em que é que difere?
M.F.S. -A estrutura dos primeiros
anos é idêntica, as opções
que escolhemos para avançar imediatamente são
as três que referi. Há licenciaturas que
oferecem mais opções. Mas a especificidade
deste curso é a forma como os docentes assumem
a especificidade da relação que têm
com os alunos e a forma como se processa o ensino e a
aprendizagem. Esta licenciatura não vai funcionar
como uma justaposição de disciplinas, mas
haverá um conjunto de disciplinas que darão
uma visão integrada do ser humano nas mais diversas
funções e situações.
Iremos apostar na preparação dos alunos
em relação às competências,
mas é, logicamente, também um saber teórico.
Haverá uma relação forte com a investigação.
A aprendizagem irá sublinhar essa componente prática.
"Reproduzir, reflectir e inferir"
U@O -A investigação
será então um meio onde o aluno operará?
M.F.S. -Desde o início
o aluno faz investigação e estará,
ao longo do curso, sempre aberto para questões
de investigação, através de trabalhos
ou da realização das experiências
clássicas da Psicologia. Reproduzir, reflectir
e inferir sobre esses estudos são prioridades.
O saber livresco não é suficiente para nenhuma
área.
U@O -Que garantias tem a UBI do
Ministério da Educação (ME) em relação
à abertura efectiva da Psicologia em Outubro?
M.F.S. - O ME já registou
o curso, o que na actual conjuntura só por si já
é garantia de o curso estar aprovado. Estamos neste
momento a aguardar a fixação do número
de vagas pelo Ministério. O curso de Psicologia
é um curso que tem uma procura intensa ao nível
do mercado nacional, de um modo geral a média do
último colocado nos concursos anda perto dos 17
valores. Há uma procura imensa em especial nas
instituições públicas. Essa foi também
uma das motivações que nos fez avançar
com a criação deste curso.
U@O -Não concorda que existe
actualmente uma tendência negativa na empregabilidade
dos licenciados desta área? Haverá a necessidade
no País de formados nesta área?
M.F.S. - Eu penso que sim. Se
pensarmos bem em todo o contexto nacional podemos ver
que na grande maioria dos cenários o psicólogo
seria bem vindo. Ao nível da saúde, educação,
a assistência nas escolas, nas organizações
e na justiça, etc.. Mercado há, tem também
que haver a vontade de quem governa.
U@O -Quantas vagas poderão
ser fixadas neste primeiro ano?
M.F.S. - Cerca de 30 ou 40
vagas. Mas essa decisão depende do ME que deverá
ser conhecida brevemente.
U@O -Para a licenciatura da UBI
quais são as saídas profissionais?
M.F.S. - Embora tenhamos avançado
para três áreas de especialização,
que já referi, estas representam territórios
bastante latos, assegurando aos licenciados ferramentas
e conhecimentos que podem ser úteis em qualquer
contexto mais específico.
U@O -O curso é organizado
com os três anos de formação de base
e as especializações no quarto ano. Tem
também estágio integrado?
M.F.S. - Sim, no quinto ano.
Estamos já a negociar alguns protocolos para a
realização de estágios. Mas a preocupação
em estabelecer laços próximos com o contexto
profissional vai notar-se antes mesmo da realização
do estágio. Este ensino não pode ser puramente
teórico, a prática exige-se. A relação
com a comunidade tem que ser feita logo de início,
embora no estágio esse efeito seja mais intenso.
U@O -Que laços são
esses?
M.F.S. -
São parcerias com instituições escolares,
organizações e tecido empresarial.
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