Um recital de piano e voz em homenagem
ao matemático
|
Homenagem merecida
Bento de Jesus Caraça
recordado
A UBI associou-se
às comemorações dos 100 anos do nascimento
de Bento de Jesus Caraça e durante dois dias discutiu
a obra de um homem que dedicou toda a sua vida à
Matemática.
Por Carla Loureiro
|
A iniciativa de se comemorar
o centenário do nascimento do etnomatemático,
Bento Jesus Caraça, partiu de três alunas do
curso de Matemática da UBI. Raquel Reis, Gabriela
Amaro e Marisa Dias não quiseram deixar de homenagear
"o grande homem" que foi Bento Jesus Caraça.
A tarde de 16 de Maio ficou marcada pela palestra "Bento
Jesus Caraça e a Matemática, aquela difusa
substância" proferida pela docente do Departamento
de Matemática da UBI, Natália Bebiano. A tarde
terminou com um recital de piano e canto.
No dia 18, a tertúlia "Caraça: Platão
e Intuição" juntou alunos e alguns professores
do departamento que, em amena cavaqueira, tentaram enquadrar
filosoficamente o etnomatemático. As questões
colocadas por Natália Bebiano forma muitas: "A
matemática será uma ciência, uma pseudociência,
ou uma arte? Como é que a matemática pode
ser uma invenção pura, se as suas aplicações
são extraordinárias?". A tertúlia
foi animada, havendo uma troca de opiniões entre
alunos e professores.
Ainda inserida nestas comemorações, o átrio
de entrada da 6ª fase da UBI recebeu, entre os dias
7 a 18 de Maio, a exposição "Fragmentos
de uma vida breve", autoria da Associação
para o Ensino de Bento Jesus Caraça (AEBJC).
A organização desta homenagem surgiu da disciplina
de História e Filosofia da Matemática do Departamento
de Matemática da Universidade da Beira Interior.
Mas não foi só na UBI que se celebraram os
100 anos do nascimento de Bento de Jesus Caraça.
No dia 16 foram atribuídos, no Museu da Ciência,
em Lisboa, os prémios Bento Jesus Caraça e
os prémios Mário Silva, a alunos que, em 2000,
concluíram o 12º ano com classificação
superior a 18 valores nas disciplinas de Física e
Matemática. Esta cerimónia contou com a presença
do Presidente da República, Jorge Sampaio e do ministro
da Ciência e Tecnologia, Mariano Gago.
|
|
O
mais contagiante e popular matemático português
Bento de Jesus Caraça nasceu em Vila Viçosa
em 1901. Filho de trabalhadores rurais, aprende as
primeiras letras, por volta dos cinco anos, na Cartilha
Maternal de João de Deus. Em 1911 termina a
escola primária com distinção.
Neste mesmo ano, ingressa no Liceu de Santarém.
Entre 1913 e 1918, frequenta o Instituto Superior
do Comércio, posteriormente Instituto Superior
de Ciências Económicas e Financeiras
(ISCEF), actual Instituto Superior de Economia e Gestão
(ISEG). Com 28 anos é nomeado Professor catedrático
em Matemáticas Superiores no ISCEF.
A obra científico-filosófica de Bento
de Jesus Caraça problematiza o Homem e a sua
posição no mundo contemporâneo.
A articulação entre as vertentes matemática
e da filosofia da cultura é o ponto nevrálgico
do seu pensamento. Apesar de não ter uma formação
de raiz em matemática, Caraça, com a
sua vocação de mestre, divulgador, conferencista,
pensador do mundo, com uma relação apaixonada
pela docência, pelo combate à ditadura,
à guerra e à ignorância, tornou-se
o mais contagiante e popular matemático português
de sempre. "A aquisição da cultura
significa uma elevação constante, servida
por um florescimento do que há de melhor no
homem e por um desenvolvimento sempre crescente de
todas as suas qualidades potenciais", defendia
Bento de Jesus Caraça.
Lições de Álgebra e Análise
encontram-se entre as suas obras mais conhecidas.
Em 1941 funda a Biblioteca Cosmos. É eleito
presidente da direcção da Sociedade
Portuguesa de Matemática, em 1943.
Preso pela PIDE, é encarcerado no Aljube. Ao
mesmo tempo é proibido da função
docente.
Bento de Jesus Caraça morre, em 1948, com apenas
47 anos.
|
|
|
|