Maria João Pires, acompanhada de Caio Pagano,
encheu, na sexta-feira, 11, a sala do Cine-Teatro Avenida,
naquela que foi a primeira actuação da pianista
na cidade. A viver na região há 16 anos,
Maria João Pires presenteou o público com
um concerto inserido no VII Festival Internacional de
Música - Primavera Musical.
No final da prestação, a pianista mostrou-se
radiante com a audiência, mas bastante critica em
relação ao espaço que a acolheu.
Uma sala que, na sua opinião, "não
tem condições nenhumas para música
clássica, pois é vocacionada para espectáculos
amplificados e outros eventos". Segundo Maria João
Pires, a divulgação da música clássica
é cada vez mais importante para o Interior do País:
"É muito importante actuar aqui, pois dá-me
a possibilidade de fazer algo diferente, numa região
em que pode haver uma maior aceitação por
parte das pessoas".
Longe da polémica que recentemente a levou a ameaçar
o Governo de levar a Escola de Artes que mantém
em Belgais para Espanha, a artista afirma que "tudo
está ultrapassado". Nomeadamente em relação
a um dos pontos que motivaram a sua revolta: a construção
do Aterro de Resíduos Industriais Banais perto
da quinta de Maria João Pires. A pianista afirma
que uma das apostas do seu projecto é o espaço
natural e, por isso, escolheu a Beira Interior. Motivo
que a levou a pedir ao presidente da Câmara garantias
de que a localização do Aterro vai sofrer
alterações. Quanto a futuras actuações
em Castelo Branco, Maria João Pires deixa uma certeza:
"Fiz este concerto pela consideração
que tenho para com este público e pelo presidente
da autarquia, Joaquim Morão, mas no futuro as pessoas
terão de se deslocar a Belgais, pois, como profissional,
não posso deixar de sublinhar que o Cine-Teatro
não tem condições para música
clássica.
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