O PS e a CDU da Covilhã
apontam o dedo os sociais democratas locais de utilização
e instrumentalização das colectividades culturais,
desportivas e recreativas do concelho, com vista às
próximas eleições autárquicas.
As acusações da oposição surgiram
na segunda-feira, 7, na sequência de um convite enviado
a todas as associações, para promover "um
jantar de apoio e incentivo à recandidatura do Senhor
Carlos Pinto". O documento tem como remetente o auto-denominado
"Grupo de Associações Promotoras de Apoio
ao Sr. Carlos Pinto", cuja organização
é encabeçada por Victor Rebordão, presidente
da Associação Desportiva da Estação
(ADE) e da Junta de Freguesia de São Pedro, eleito
com o apoio do PSD.
"Isto é o resultado da estratégia calculista
e da política de apoio financeiro ilustrativa do
livre arbítrio com que a autarquia PSD sempre encarou
o desenvolvimento do concelho e a utilização
dos apoios e dinheiros públicos", diz Jorge
Fael, coordenador da CDU-Covilhã. "O toma lá
dinheiro, dá cá apoio político é
bem a caricatura do executivo laranja numa versão
covilhanense do queijo limiano", acrescenta.
Mas, os comunistas insistem em clarificar a sua revolta.
"É legítimo os dirigentes apoiarem, em
nome individual, qualquer força política,
mas não podem envolver associações,
sob pena de violarem o princípio de imparcialidade
face ao poder político, integrante dos estatutos
de qualquer colectividade", sublinha Reis Silva, vereador
da CDU.
As críticas partem, também, de Vítor
Pereira, presidente da Concelhia do PS, que diz ter ouvido
falar, mas "pensava que era uma anedota ou brincadeira
de mau gosto". Afinal, continua, "é uma
lamentável e triste realidade. O inimaginável
está a acontecer". "Assistimos a uma despudorada
manobra de instrumentalização política
do PSD, que utiliza presidentes de Junta, membros da Assembleia
Municipal e candidatos que tem à frente de colectividades
para organizar um evento político e partidário".
Alçada Rosa desmente envolvimento
Confrontado com as acusações da oposição,
o PSD garante que não tinha conhecimento da movimentação
das colectividades. Alçada Rosa, presidente da
Concelhia laranja, afirma "É uma posição
que advém dos dirigentes associativos e eles são
livres de tomar as posições que entendem".
"Eles são responsáveis, por isso a
mínima postura que devemos ter é respeitar
a posição dos outros", acrescenta.
O vereador Joaquim Matias foi mais longe com críticas
directas ao PS, que acusa de escolher as associações
do concelho para atribuição de subsídios
da Direcção Geral do Ordenamento do Território.
"Houve duas candidaturas apoiadas pela Concelhia
socialista aprovadas em menos de 20 dias, enquanto que
outras que eu ajudei a fazer permanecem no fundo da gaveta".
Embora com críticas mútuas, a reunião
para marcar o jantar realizou-se mesmo na segunda-feira,
7, no Grupo de Instrução e Recreio (GIR)
do Rodrigo. Os cerca de 80 dirigentes associativos presentes
mostraram-se disponíveis para homenagear Carlos
Pinto, mas não a sua recandidatura. Uma questão
que levou o grupo promotor do encontro a assumir "um
erro na redacção do convite" e a afastar
a ideia de "quaisquer intenções políticas".
A data daquele que vai ser, afinal, "um jantar de
reconhecimento e gratidão por uma pessoa que muito
fez pelas colectividades", ainda não está
marcada e depende da disponibilidade do presidente Carlos
Pinto.
|