Até ao final do
ano, parte da produção têxtil da firma
Paulo de Oliveira pode começar a ser feita no Leste
europeu. O empresário covilhanense está a
preparar novos investimentos, também em Portugal,
mas a opção é deslocalizar para países
onde a média salarial é baixa, o fabrico de
produtos em que é a mão de obra desempenha
um papel importante.
Apesar de ainda estar a estudar qual é a hipótese
mais rentável, Paulo de Oliveira avança com
a possibilidade de "adquirir numa fábrica que
já esteja a laborar, em detrimento de instalar tudo
de raiz". Numa primeira fase, a aposta é numa
unidade com algumas centenas de trabalhadores, que produza
três milhões de metros anuais para, mais tarde,
subir até seis milhões. Essa fábrica
vai trabalhar em artigos que exigem pouca sofisticação,
ou seja, os chamados produtos clássicos que, segundo
o industrial, "são os mais económicos
e ainda têm uma grande procura por parte dos consumidores".
"Tínhamos sido obrigados a deixar de os oferecer
e não queremos perder essa fatia de clientes",
acrescenta.
A razão para investir no estrangeiro deve-se à
forte pressão do mercado, exercida não só
por parte das indústrias nacionais. "Estamos
a sofrer uma concorrência muito grande, de algumas
empresas portuguesas que estão a praticar preços
que consideramos verdadeiros disparates, mas também
de países onde o custo da mão de obra é
na ordem dos 10, 15 mil escudos", explica.
Processo contra Nova Penteação
pode seguir em breve
Em relação ao processo que pode colocar
frente a frente na barra dos tribunais a Penteadora e
a Nova Penteação, Paulo de Oliveira refere
que não desistiu de fazer justiça. Por enquanto,
"estão a ser consultados juristas nacionais
de renome, que estão a estudar as possibilidades
de interpor uma acção contra os técnicos
que se transferiram da Penteadora para a Nova Penteação".
Os sócios da empresa que, no entender do industrial,
pactuaram com o que chama de "concorrência
desleal, também vão ser alvo de um processo
judicial".
No total, 15 chefias das áreas da informática,
fiação, direcção comercial
e acabamento saíram da Penteadora e, acusa Oliveira,
levaram para o concorrente "documentação
da empresa e material informático". Para o
responsável, "a situação tinha
como objectivo arrastar a clientela para a Nova Penteação,
o que podia ter levado a unidade à falência".
Contudo, os planos não surtiram efeito, apesar
da Penteadora ter sido obrigada a substituir os funcionários
e a alterar a forma de trabalho. "Tivemos que virar
a produção do avesso, criar novas colecções
e baixar os preços de uma forma que nos permitisse
acompanhar os concorrentes", salienta. "Uma
situação que só foi possível
ultrapassar porque os clientes acreditaram que por trás
da Penteadora estava a firma Paulo de Oliveira, uma empresa
que facturou oito milhões de contos no último
ano", sublinha.
Inicialmente, estava previsto dirigir o processo a toda
empresa, mas tal não se vai verificar. No entender
do empresário, "essa firma é constituída
por muitas pessoas que não têm culpa do que
aconteceu". "A acção", conclui,
"vai dirigir-se apenas aos sócios que concordaram
com as decisões da direcção".
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