Paulo de Oliveira "aponta
baterias" ao leste europeu
Concorrência motiva aposta no estrangeiro
Paulo de Oliveira investe nos países de Leste

Produtos em que a mão de obra representa um papel fundamental vão ser feitos em países com médias salariais baixas. Para breve, pode avançar o processo contra os técnicos que se transferiram da Penteadora para a Nova Penteação.

Por Rodolfo Pinto da Silva
NC/Urbi et Orbi

Até ao final do ano, parte da produção têxtil da firma Paulo de Oliveira pode começar a ser feita no Leste europeu. O empresário covilhanense está a preparar novos investimentos, também em Portugal, mas a opção é deslocalizar para países onde a média salarial é baixa, o fabrico de produtos em que é a mão de obra desempenha um papel importante.
Apesar de ainda estar a estudar qual é a hipótese mais rentável, Paulo de Oliveira avança com a possibilidade de "adquirir numa fábrica que já esteja a laborar, em detrimento de instalar tudo de raiz". Numa primeira fase, a aposta é numa unidade com algumas centenas de trabalhadores, que produza três milhões de metros anuais para, mais tarde, subir até seis milhões. Essa fábrica vai trabalhar em artigos que exigem pouca sofisticação, ou seja, os chamados produtos clássicos que, segundo o industrial, "são os mais económicos e ainda têm uma grande procura por parte dos consumidores". "Tínhamos sido obrigados a deixar de os oferecer e não queremos perder essa fatia de clientes", acrescenta.
A razão para investir no estrangeiro deve-se à forte pressão do mercado, exercida não só por parte das indústrias nacionais. "Estamos a sofrer uma concorrência muito grande, de algumas empresas portuguesas que estão a praticar preços que consideramos verdadeiros disparates, mas também de países onde o custo da mão de obra é na ordem dos 10, 15 mil escudos", explica.

Processo contra Nova Penteação
pode seguir em breve


Em relação ao processo que pode colocar frente a frente na barra dos tribunais a Penteadora e a Nova Penteação, Paulo de Oliveira refere que não desistiu de fazer justiça. Por enquanto, "estão a ser consultados juristas nacionais de renome, que estão a estudar as possibilidades de interpor uma acção contra os técnicos que se transferiram da Penteadora para a Nova Penteação". Os sócios da empresa que, no entender do industrial, pactuaram com o que chama de "concorrência desleal, também vão ser alvo de um processo judicial".
No total, 15 chefias das áreas da informática, fiação, direcção comercial e acabamento saíram da Penteadora e, acusa Oliveira, levaram para o concorrente "documentação da empresa e material informático". Para o responsável, "a situação tinha como objectivo arrastar a clientela para a Nova Penteação, o que podia ter levado a unidade à falência".
Contudo, os planos não surtiram efeito, apesar da Penteadora ter sido obrigada a substituir os funcionários e a alterar a forma de trabalho. "Tivemos que virar a produção do avesso, criar novas colecções e baixar os preços de uma forma que nos permitisse acompanhar os concorrentes", salienta. "Uma situação que só foi possível ultrapassar porque os clientes acreditaram que por trás da Penteadora estava a firma Paulo de Oliveira, uma empresa que facturou oito milhões de contos no último ano", sublinha.
Inicialmente, estava previsto dirigir o processo a toda empresa, mas tal não se vai verificar. No entender do empresário, "essa firma é constituída por muitas pessoas que não têm culpa do que aconteceu". "A acção", conclui, "vai dirigir-se apenas aos sócios que concordaram com as decisões da direcção".