Auxiliares de acção
médica descontentes
Formação
contínua é salvação
Por Nélia Sousa
O número de auxiliares
de acção médica tem vindo a aumentar
nos últimos anos no nosso País. Contudo a
profissão ainda não está devidamente
reconhecida, lamentam os profissionais.
Mais de 400 auxiliares de acção médica
de todo o País reuniram-se na sexta feira, 4 de Maio,
no auditório do Hotel Turismo da Covilhã para
discutir o tema as perspectivas para o novo século
dos profissionais da área.
Estas primeiras jornadas contaram, também, com a
presença do secretário de Estado dos Recursos
Humanos e Modernização da Saúde, Nelson
Baltazar. No seu discurso o secretário de Estado
não quis deixar de referir a importância que
a profissão tem vindo a ganhar nos últimos
anos. Desde 1990 o aumento progressivo da profissão
tem sido da ordem dos 12 por cento. "O sector é
fundamental para o bom funcionamento das unidades de saúde.
São eles que apoiam psicologicamente os doentes e
os acompanham na prestação e cuidados de higiene,
transporte", argumenta. Nelson Baltazar referiu ainda
que o restabelecimento do doente passa também pelos
auxiliares de acção médica. "O
doente espera não só a cura mas também
que esta seja feita num ambiente de fraternidade e solidariedade",
esclarece.
No Centro Hospitalar da Cova da Beira (CHCB) os auxiliares
de acção médica são vistos como
pessoas essenciais dentro da instituição.
Segundo João Casteleiro, presidente da Comissão
Instaladora do Centro Hospitalar da Cova da Beira, foi graças
ao trabalho efectuado pelos funcionários que se verificou
um aumento significativo de produtividade. "Os funcionários
do Hospital corresponderam e superaram as expectativas que
nós tínhamos sobre a produtividade".
Estas jornadas dos auxiliares de acção médica
do C.H.C.B. permitiram, para além da troca de experiências,
dar a conhecer o Hospital da Cova da Beira e discutir a
realidade hospitalar das principais unidades de saúde
de todo o País.
Parentes pobres nos hospitais
A carreira de auxiliar de
acção médica passou nos últimos
anos por algumas reestruturações. No entanto
os problemas ainda são muitos. A fraca aposta na
formação contínua é uma das
lacunas que importa colmatar. Foi com o intuito de mostrar
às entidades competentes que o profissionalismo passa
essencialmente pela formação permanente que
se realizaram estas jornadas.
Paulo Tourais, enfermeiro especialista no CHCB e um dos
oradores, no encontro chegou mesmo a afirmar: "o direito
à educação contínua é
um dever que cada profissional deve impor a si próprio".
Exigir mais e melhor formação foi o desafio
deixado por este enfermeiro.
De acordo com Aldina Craveiro, também funcionária
do CHCB, têm havido poucas acções de
formação e as que existem não são
as necessárias. "A administração
tem que criar programas de formação",
adianta. A formação contínua é
vista como o motor de arranque que facilitará a empregabilidade
e promoverá a cidadania.
Na opinião de Aldina Craveiro esta é uma profissão
"apagada", com pouco reconhecimento. "O auxiliar
é mais uma pessoa que anda para ali. As entidades
devem ajudar no reconhecimento do nosso trabalho pois também
estamos integrados na equipa de saúde", esclarece.
Também João Casteleiro reconhece a fraca atenção
dada a este sector profissional. "Os auxiliares são
considerados um parente pobre dentro dos hospitais. Têm
as funções menos diferenciadas mas não
se podem considerar peças menos importantes porque
na saúde todas as pessoas são fundamentais
para o desenvolvimento dos serviços".
Lutar por uma maior diferenciação das classes
profissionais poderá ajudar a valorizar uma profissão
que contribui para o bom funcionamento dos centros hospitalares.
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