António Fidalgo
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Sebastião
Alves
O 30 de Abril, dia da Universidade da Beira Interior, ficou marcado este
ano pelo doutoramento honoris causa do Comendador Sebastião Alves.
É a
primeira vez que a UBI atribui este grau a um não académico. Com efeito,
Sebastião Alves, de 81 anos de idade, não é licenciado, e se algo marca a
sua vida, é a de ser um self made man, de ter nascido pobre numa
aldeia de
Proença a Nova e de se ter tornado num reputado empresário da indústria
farmacêutica e do mundo editorial.
O respeito e a admiração por quem se faz à sua custa, por quem partindo do
nada constrói um império, fazem parte da nossa civilização e coube neste
caso à UBI dar forma concreta a esse respeito na homenagem prestada a
Sebastião Alves. Numa época que peca por excesso de facilitismo há que
honrar o trabalho e o esforço individuais.
O único caminho para ultrapassar o desânimo e a descrença que se abateram
sobre Portugal nos primeiros meses de 2001 é o caminho duro do trabalho, e
do trabalho bem feito, da perseverança e do estudo. Não há estradas reais
para o sucesso, mas também não há impedimentos absolutos de agarrar o
presente e de determinar o futuro.
Sebastião Alves que guardou gado até aos nove anos de idade e que só então
entrou na escola primária é exemplo de ousadia e de esforço, de capacidade
de ultrapassar as dificuldades postas pela vida. Para um povo que
facilmente desanima e que gosta de se entregar ao fado, é importante
homenagear os portugueses que hoje, aqui e agora, não desanimam, lutam
sempre e triunfam.
Portugal precisa de muitos homens empreendedores como Sebastião Alves.
Felizmente que hoje Portugal tem condições sociais e económicas para dar
uma formação escolar, não só de nível básico, mas também superior a todos
os que sintam vocação para o estudo. Todo o esforço colectivo de promoção,
porém, será em vão se não houver um correspondente esforço individual. Por
melhores que sejam as escolas, por mais qualificados que sejam os
professores, se não houver o esforço individual de cada aluno, nada se
fará. Na base está sempre a força de vontade de uma pessoa singular. É
esse o testemunho da vida de Sebastião Alves.
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