José Geraldes
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NÓ DE ACESSO DIRECTO:
O DIREITO À INDIGNAÇÃO
Ao princípio, a ideia
era fazer passar o IP2 pela Variante. As placas indicativas foram
mesmo lá colocadas. A opinião pública protestou
o NC faz da questão uma das suas causas - e a batalha
soube a vitória.
Depois estudaram-se corredores junto ao Ferro, entre Ferro e
Peraboa e até já se alvitrava que o IP2 seria desviado
para os lados de Penamacor. Mas nunca o nó de acesso directo
à Covilhã sofreu qualquer contestação.
Agora vem a surpresa do Ministério do Ambiente com o chumbo
deste nó de acesso directo. (Ver NC, 20 de Abril de 2001).
A Covilhã é contemplada com um nó que dá
directamente para o Tortosendo em direcção ao IC6.
Segundo o mapa da SCUTVIAS, o acesso deste nó chamado
Covilhã Sul atravessa a Quinta da Ponte Pedrinha e passa
pelo cruzamento do Casal Dois.
O nó Covilhã Norte desaparece. O nó de acesso
directo nem sequer, neste novo redesenho do troço Alcaria-Teixoso,
é mencionado. Temos de novo uma parte da Variante sobrecarregada
com trânsito em todos os sentidos.
O argumento do Ministério é o impacte ambiental
negativo.
Mas, afinal, muda-se assim de opinião de um traçado
para outro? O nó de acesso directo, no desenho anterior,
era apresentado sem problemas. Aliás, a moção
de protesto aprovada por unanimidade, na última sessão
da Câmara Municipal da Covilhã, diz claramente:
"A inclusão do nó, aliás anteriormente
previsto no projecto, não causa qualquer impacto negativo,
pelo que esta Câmara Municipal exige a sua inclusão,
que servirá um universo populacional de extrema importância".
O curioso desta história é que a SCUTVIAS, empresa
concessionária do IP2, está plenamente de acordo
com o nó de acesso directo à Covilhã.
E, como compreender que a Covilhã, com milhares de alunos
numa Universidade, um Hospital junto à Variante e daqui
a dois anos com uma Faculdade de Ciências da Saúde,
ao lado do Hospital, fique sem acesso directo à futura
Auto-Estrada da Beira Interior? E o escoamento dos milhares de
turistas que demandam a Serra da Estrela? E não há
consideração pelos 30 mil habitantes que aqui habitam?
Um nó de acesso directo permite ganhar tempo na deslocação
para a vida diária. O Hospital da Cova da Beira fica subalternizado
no caso de transporte rápido de sinistrados e pessoas
em perigo de vida.
O Ministério do Ambiente não consegue encontrar
solução para este problema? Nos tempos de hoje,
em que há técnicas avançadas para tudo,
um nó de acesso directo à cidade mais populosa
do Interior é assim tão difícil de resolver?
A Covilhã não aceita nem pode aceitar que a futura
Auto-Estrada da Beira Interior passe ao largo, sem dela tirar
os benefícios devidos.
A população tem de manifestar a sua opinião
e reivindicar, com firmeza, o nó de acesso directo. Não
se trata de fazer demagogia. Mas tão somente de exigir
justiça.
Por nós, dizemos sem ambiguidades: não e não
ao chumbo do acesso directo à Covilhã.
O NC vai até ao fim na campanha a favor do acesso directo.
E apoia a Câmara Municipal e todos os organismos que se
devem manifestar, a este propósito.
É preciso que a sociedade civil faça ouvir a sua
voz. E não haja "espirais de silêncio".
Por isso, a exigência do nó de acesso directo à
Covilhã é também um exercício do
direito à indignação.
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