"A Câmara da Covilhã
não está a cumprir a lei no que respeita à
captura e tratamento de animais". A afirmação
é de Hortense Almeida, presidente da Associação
de Defesa dos Animais do Centro, sediada no Fundão. As
razões que a levam a fazer tal denúncia são
o caso do Snoopy, um cão que, dias depois de entrar no
canil, morreu por causas ainda dúbias para a família,
e a captura de cães efectuada no Tortosendo.
Segundo a "acérrima defensora dos animais",
"há leis que a autarquia não está a
cumprir, nem dá respostas a esse incumprimento".
Hortense Almeida refere-se à falta de elementos que o
"pseudo-canil municipal" é obrigado a ter e
a cumprir, apesar das condições serem mínimas,
e à falta de resolução do processo do Snoopy.
Um caso que foi averiguado conjuntamente pelo vereador com o
pelouro do Ambiente e Salubridade Pública, Joaquim Matias,
os funcionários e o casal Maria Lucinda Pascoal e José
Mendes, homem que deixou o cão no canil.
Contudo, desde Setembro de 2000, altura em que o animal entrou
no estabelecimento, "de forma forçada" e o processo
arrancou, nada mais foi feito, nem pela edilidade, nem pelos
queixosos. As críticas surgem, agora, de ambas as partes:
Maria Lucinda refere a "falta de acção da
autarquia e de punição dos funcionários
que mentiram e se contradisseram", Joaquim Matias afirma
que "o seguimento dos procedimentos não tinham que
ser encaminhados pela edilidade". Resta a opinião
de Hortense Almeida que junta à "impunidade e destreza
da Câmara", a "falta de sensibilidade com os
animais desprotegidos". A presidente refere-se à
captura dos canídeos no Tortosendo, "feita de dia,
em propriedade privada e junto a crianças da escola".
"Com estas duas situações, a juntar a muitas
queixas que tenho de covilhanenses, a água da minha panela
transbordou", diz, revoltada.
Matias defende "trabalho
digno da autarquia"
O caso do Snoopy está, agora, nas mãos da Associação
sediada no Fundão que promete reagir contra a passividade
"dos responsáveis pela morte do cão".
Um fim de vida que, segundo a responsável, "ainda
não tem as causas apuradas". "Uns dizem que
foi ataque de carraças, outros stresse, mas para mim mataram-no
e nem têm sinceridade de o confessar, porque não
há provas concretas de nada", diz Lucinda Pascoal.
A proprietária sublinha a falta de registos de entrada,
saída e tipo de morte dos animais. Críticas que
Joaquim Matias repudia: "O canil pode não ter as
melhores condições, mas temos registos de tudo
e, inclusive, fotografias de todos os cães que entram
no recinto". Quanto à captura dos canídeos,
Matias é claro: "Normalmente não apanhamos
animais de dia, mas o Tortosendo foi um caso excepcional. Fizémo-lo
depois de sucessivas queixas dos munícipes que sentiam
falta de sossego e segurança". "E, aliás,
a ronda foi acompanhada por elementos da GNR e por membros da
Junta de Freguesia local", acrescenta.
Em relação à "ausente sensibilidade
e acompanhamento" denunciado por Hortense Almeida, o vereador
responde: "Gastámos centenas de contos com o equipamento
de captura para que seja feita de forma digna e não os
leve a sofrer, acompanhamento médico-veterinário
que depende do estado do animal". Medidas que passam pela
análise da doença, quando caso disso, isolamento,
ou morte por velhice ou possível perigo para saúde
pública. "Há uma série de factores
que entram em linha de conta", assegura o político,
ao sublinhar que "não abatemos animais, uma vez que
eles são canalizados para uma associação
de Castelo Branco, com a qual mantemos relações
há algum tempo".
Contudo, as críticas são constantes quer no caso
do Snoopy, cujos donos garantem avançar para tribunal
"caso não haja solução da Câmara",
quer de Hortense Almeida, que garante não baixar os braços.
Mas, Joaquim Matias mostra-se firme nas suas declarações
e deixa um apelo "às pessoas que, em vez de escreverem
e dizerem de forma incorrecta o que lhes vai na alma, deviam
saber junto das fontes de informação correctas
como são feitas as coisas para, posteriormente, as avaliarem".
E acrescenta: "Estamos abertos a aceitar o contributo de
todos aqueles que consigam apanhar os cães com cócegas
ou através da hipnose".
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