Canil Municipal levanta críticas
"Autarquia não cumpre lei com os animais"

A captura e tratamento de animais errantes feita pela Câmara Municipal está a causar polémica. Populares e associações reclamam. Vereador refuta acusações.

 Por Rita Lopes
NC/Urbi et Orbi

 

As críticas ao canil municipal são constantes. Os cães da Covilhã vão ter uma nova casa a partir de Julho

"A Câmara da Covilhã não está a cumprir a lei no que respeita à captura e tratamento de animais". A afirmação é de Hortense Almeida, presidente da Associação de Defesa dos Animais do Centro, sediada no Fundão. As razões que a levam a fazer tal denúncia são o caso do Snoopy, um cão que, dias depois de entrar no canil, morreu por causas ainda dúbias para a família, e a captura de cães efectuada no Tortosendo.
Segundo a "acérrima defensora dos animais", "há leis que a autarquia não está a cumprir, nem dá respostas a esse incumprimento". Hortense Almeida refere-se à falta de elementos que o "pseudo-canil municipal" é obrigado a ter e a cumprir, apesar das condições serem mínimas, e à falta de resolução do processo do Snoopy. Um caso que foi averiguado conjuntamente pelo vereador com o pelouro do Ambiente e Salubridade Pública, Joaquim Matias, os funcionários e o casal Maria Lucinda Pascoal e José Mendes, homem que deixou o cão no canil.
Contudo, desde Setembro de 2000, altura em que o animal entrou no estabelecimento, "de forma forçada" e o processo arrancou, nada mais foi feito, nem pela edilidade, nem pelos queixosos. As críticas surgem, agora, de ambas as partes: Maria Lucinda refere a "falta de acção da autarquia e de punição dos funcionários que mentiram e se contradisseram", Joaquim Matias afirma que "o seguimento dos procedimentos não tinham que ser encaminhados pela edilidade". Resta a opinião de Hortense Almeida que junta à "impunidade e destreza da Câmara", a "falta de sensibilidade com os animais desprotegidos". A presidente refere-se à captura dos canídeos no Tortosendo, "feita de dia, em propriedade privada e junto a crianças da escola". "Com estas duas situações, a juntar a muitas queixas que tenho de covilhanenses, a água da minha panela transbordou", diz, revoltada.

Matias defende "trabalho digno da autarquia"

O caso do Snoopy está, agora, nas mãos da Associação sediada no Fundão que promete reagir contra a passividade "dos responsáveis pela morte do cão". Um fim de vida que, segundo a responsável, "ainda não tem as causas apuradas". "Uns dizem que foi ataque de carraças, outros stresse, mas para mim mataram-no e nem têm sinceridade de o confessar, porque não há provas concretas de nada", diz Lucinda Pascoal.
A proprietária sublinha a falta de registos de entrada, saída e tipo de morte dos animais. Críticas que Joaquim Matias repudia: "O canil pode não ter as melhores condições, mas temos registos de tudo e, inclusive, fotografias de todos os cães que entram no recinto". Quanto à captura dos canídeos, Matias é claro: "Normalmente não apanhamos animais de dia, mas o Tortosendo foi um caso excepcional. Fizémo-lo depois de sucessivas queixas dos munícipes que sentiam falta de sossego e segurança". "E, aliás, a ronda foi acompanhada por elementos da GNR e por membros da Junta de Freguesia local", acrescenta.
Em relação à "ausente sensibilidade e acompanhamento" denunciado por Hortense Almeida, o vereador responde: "Gastámos centenas de contos com o equipamento de captura para que seja feita de forma digna e não os leve a sofrer, acompanhamento médico-veterinário que depende do estado do animal". Medidas que passam pela análise da doença, quando caso disso, isolamento, ou morte por velhice ou possível perigo para saúde pública. "Há uma série de factores que entram em linha de conta", assegura o político, ao sublinhar que "não abatemos animais, uma vez que eles são canalizados para uma associação de Castelo Branco, com a qual mantemos relações há algum tempo".
Contudo, as críticas são constantes quer no caso do Snoopy, cujos donos garantem avançar para tribunal "caso não haja solução da Câmara", quer de Hortense Almeida, que garante não baixar os braços. Mas, Joaquim Matias mostra-se firme nas suas declarações e deixa um apelo "às pessoas que, em vez de escreverem e dizerem de forma incorrecta o que lhes vai na alma, deviam saber junto das fontes de informação correctas como são feitas as coisas para, posteriormente, as avaliarem". E acrescenta: "Estamos abertos a aceitar o contributo de todos aqueles que consigam apanhar os cães com cócegas ou através da hipnose".

  

Canil, gatil e hotel são inaugurados em Julho

Perante as condições primárias do canil municipal, Joaquim Matias, vereador com o pelouro do Ambiente e Salubridade Pública, assegura que, a partir de Julho, "os animais do concelho vão ter condições de raro exemplo nacional".
Cerca de 40 mil contos é quanto vai custar a nova infra-estrutura que vai nascer no Parque Industrial da Covilhã. A planta contempla recintos gradeados, quatro celas colectivas para cães capturados, três divisões destinadas a receber animais a abater, arrumos, hall, secretaria, cozinha, três celas para animais suspeitos, consultório para o médico veterinário, sala de espera, dois gatis, sete alojamentos individuais, instalações sanitárias, vestiários e um armazém na parte inferior.
O vereador garante que as instalações são "uma autêntica mansão canina". Um espaço que vai permitir, também, visitas das escolas da região para, segundo Matias, "começar desde cedo a incutir nas crianças a sensibilização para a protecção dos animais".
Em colaboração com o novo espaço vai estar a recém formada Associação de Defesa de Animais com sede na Covilhã. Composta por pessoas dedicadas ao bem-estar dos animais, a nova instituição, que já está legalizada juridicamente, apenas espera a publicação dos seus estatutos em Diário da República para arrancar.
Segundo o político, "a Câmara aplaudiu a iniciativa e, assim que o canil esteja pronto, começam a colaborar connosco". "Aliás, já estão a trabalhar, dado que a parceria que se faz com a associação de Castelo Branco, para canalização dos animais, aconteceu por intermédio dessas pessoas", acrescenta Joaquim Matias.


 

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