Está já disponível
para consulta pública o projecto para o lanço do
Itinerário Principal (IP)2 entre Alcaria e Teixoso. Um
troço de cerca de 19 quilómetros que atravessa
as freguesias do Teixoso, Peraboa, Ferro, Tortosendo e Alcaria
e que, desde o início da construção da via-rápida,
já conheceu vários avanços e recuos. Impasses
resultantes, sobretudo, da interferência da obra com questões
de impacte ambiental e com o aproveitamento hidroagrícola
da Cova da Beira.
No novo projecto, o traçado apresenta-se redesenhado e,
portanto, com algumas alterações. A Área
de Serviço prevista no percurso foi deslocada mais para
sul, próximo do quilómetro 19. O Nó da Covilhã
Sul encontra-se deslocado mais a norte fora da área a
beneficiar pelo Aproveitamento Hidroagrícola da Cova da
Beira. Foram também introduzidas galerias técnicas
para atravessamento do IP2 pelas condutas de regadio. Obras de
arte especiais, foram também projectadas para facilitar
a travessia da via. Pontes e viadutos sobre o Zêzere e
sobre as ribeiras de Caria e do Minho.
Mas a alteração, sem dúvida, mais polémica
prende-se com a eliminação do Nó central
de ligação à Covilhã. A cidade fica,
assim, dependente do acesso que "desagua" no Tortosendo
para o IC6, que dá ligação a Coimbra. Carlos
Pinto, presidente da autarquia da cidade serrana já se
pronunciou e afirma-se "estupefacto e pasmo". O edil
considera a situação "lamentável e
sem qualquer sentido". "Não é possível
imaginar uma auto-estrada a passar ao pé da Covilhã
que não tenha uma saída directa para a cidade.
O nó do Tortosendo nunca pode substituir um acesso central
e não pode colmatar as necessidades da população",
defende o autarca. "Imagine-se a necessidade de transportar,
de emergência, doentes para o Hospital da Covilhã,
e terem que se deslocar ao Tortosendo por não terem uma
acesso mais directo", exemplifica. O início das obras
está previsto ainda para este ano e a conclusão
aponta para inícios de 2004.
Câmara aprova moção
contra traçado
No entanto, Carlos Pinto faz
saber que a Câmara não vai aceitar que, "por
causa da salvaguarda de coisas de natureza ambiental, que não
estão bem explicitadas, a Covilhã saia prejudicada
desta forma". Assim, o autarca afirma já ter entrado
em contacto com a SCUTVIAS para dar conta da sua insatisfação.
Neste sentido, o edil levou à sessão de Câmara
de sexta feira, 20 de Abril, um documento que manifesta a oposição
ao novo traçado e que será enviado a António
Guterres, ao Ministério do Ambiente, Secretaria de Estado
do Ambiente, Direcção Geral do Ambiente, Instituto
de Promoção Ambiental, entidade que realizou o
estudo, Direcção Regional do Ambiente e do Ordenamento
do Território do Centro e Instituto de Estradas de Portugal.
Os vereadores sociais democratas, socialistas e comunista votaram
em unanimidade a moção que exige a reposição
do nó à Covilhã. No final da sessão,
Carlos Pinto mostrava-se mais uma vez descontente com a decisão
que considera "absurda e inaceitável" e por
isso promete "outras surpresas" caso o documento não
surta o efeito desejado.
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