António Fidalgo

 

 

 

 


PROFISSIONALISMO

Que entendemos por profissionalismo, agora que o primeiro-ministro confessou que, segundo o seu filho há pouco regressado da América, o mal dos portugueses era o serem pouco profissionais?
Por profissionalismo entende-se a atitude e a capacidade de quem com trabalho, dedicação e competência trata de um assunto ou resolve um problema de uma forma cabal e responsável. Ao profissionalismo opõe-se o amadorismo, a atitude de quem por gosto ou interesse sabe lidar, com mais ou menos jeito, com as mesmas matérias tratadas por um profissional. O que distingue um profissional a sério de um simples amador são sobretudo dois factores: competência e dedicação.
Um profissional é alguém competente em determinada área, alguém que sabe efectivamente do seu ofício. A competência e o saber foram adquiridos com formação, esforço e tempo. Não se pode ser simultaneamente profissional em muitas áreas. Quem toca muitos burros, algum há-de deixar para trás. E é assim que um profissional é alguém que faz a opção de se tornar deveras competente em determinado domínio do saber e do fazer. Para alguém se tornar profissional num campo há que sacrificar muitos outros campos, de que à partida também seriam do seu agrado. Não quer dizer que um profissional não veja mais nada que aquilo em que é profissional; pelo contrário, pode até gostar de ocupar o seu tempo livre em afazeres que pouco ou nada têm a ver com aquilo em que é um profissional, em determinados hobbies ou passatempos. Não podem, todavia, de algum modo sobrepor estes ao seu ofício. Justamente a segunda característica do profissional é a dedicação, por dever, por missão, e não apenas por inclinação ou gosto.
O amador faz as coisas porque tem jeito, inclinação, porque sente algum interesse. Não domina bem o tema, o problema, o campo em causa, mas gosta dele, e por isso se encarrega dele. Mas não procura verdadeiramente aprofundar, investir, esforçar-se, em ordem a obter uma competência que só um profissional pode obter. O seu interesse vai apenas até onde vai o seu gosto sem esforço. E depois muda. O amador é volúvel, ora gosta disto ora daquilo, e passa a ser o homem dos sete instrumentos. Todos toca e nenhum bem.
Dito isto, poder-se-á melhor ajuizar se o mal dos portugueses é serem pouco profissionais. O rapaz, o filho do primeiro-ministro, pode ter razão. É que vemos muitas pessoas em Portugal a trocar de ofício como quem troca de camisa.

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