CENA
Edmundo Cordeiro
Figuras Eminentes e Iminientes
da nossa CENA-PÚBLICA-E-POLÍTICA? Há aspectos
em que concordo com elas e outros em que discordo, mas de qualquer
modo devo confessar que a inteligêngia dessas figuras fica
sempre salvaguardada. Fundamental saber a opinião delas
para que eu possa começar a matutar e formar a minha opinião.
Universidade? Tudo deve ser
visto em função das EXPECTATIVAS de trabalho dos
clientes. É preciso ter em conta que 1) os jovens querem
mesmo ser licenciados e 2) os jovens querem ter a garantia-de-um-emprego-digno.
Contudo, para não ferir susceptibilidades, as Universidades
não devem ser chamadas Escolas de Formação
Profissional, ou então devem ser chamadas simplesmente
Escolas, para os clientes darem a entender que estiveram lá.
Por outro lado, os Serviços-Académicos-Centrais
devem assumir um relevo cada vez maior e aos funcionários
deve ser atribuída, paulatinamente, a Função-Docente.
Quanto aos Critérios de Avaliação, eles
devem ser alvo de uma discussão profunda, nem que se tenha
em última instância de chamar a DONA LURDES para
assegurar a Transparência, a Transmissão de "Conhecimentos"
e mesmo o JUÍZO FINAL.
Educação? É
preciso averiguar de que forma é que o Sistema-Educativo
é mesmo um sistema e de que forma é que não
está a corresponder às EXPECTATIVAS de pais, alunos
e professores. Frustrados os pais porque os seus filhos não
são educados (acabam finalmente por lhes colocar uma televisão
e um computador no quarto), frustrados os alunos porque não
reconhecem em si mesmos alterações fundamentais
com a educação que lhes é dada (o Techno
engrena mais depressa), frustrados os professores porque não
conseguem exercer bem o seu serviço de guardas prisionais
(desarmados, acabam por recorrer aos psiquiatras e a todos os
mestres do equívoco). Por outro lado, está bem
de ver, o Ministério da Educação é,
em si mesmo, um gigante descomunal.
Prisão perpétua?
Na verdade, temos uma tradição legislativa que
reflecte não só convicções profundas
como a ideia de civilização do Humanismo-Universalista-Português.
Mas há por vezes crimes que acabam por chocar com essas
convicções e mais ainda quando não lhes
é dada a devida punição, daí que
a segurança entre na ÓRBITA DE PREOCUPAÇÕES
do cidadão.
Cultura de exigência?
Acho que sim
bom
Como não? É fundamental
perceber a diferença entre uma vírgula e um ponto
final. Mas antes de perceber essa diferença, há
que perceber que é a vírgula que rege toda a PONTUAÇÃO.
(Uma interrogação: com que idade é que
se deve aprender a ler e a escrever? Proponho uma faixa etária:
entre os 35 e os 40 anos, esforço a despender sobretudo
à noite, depois do telejornal.)
Cidadania? Trata-se de um termo
carregado de sentido. Ver "A Palavra ao Telespectador",
diariamente, às 15, no Cabo. (Deve dizer-se que é
preciso educar para.)
Telemóvel? Deve ser
considerado material escolar.
Manuel Luís Goucha?
Faz o seu papel.
Tudo isto não só
merece reflexão como deve ser repensado.
(Convidado: Gustave Flaubert.)
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