A necessidade
de acabar com as fronteiras existentes entre ciências sociais
e ciências exactas foi a conclusão a que chegaram
os professores de vários níveis e áreas
de ensino reunidos quarta feira, na UBI. Na opinião de
Paulo Mendes, professor do Departamento de Física da Universidade
de Coimbra, existe uma dicotomia, um divórcio aparente
entre os dois ramos da ciência. A acusação
de falta de rigor científico feita às ciências
sociais e humanas é fruto de incompreensões mútuas.
Este docente afirmou que "na Física podemos fazer
experiências controladas e estabelecer leis da natureza,
mas em Ética não é possível pesar
ou medir o bem e o mal. As ciências sociais usam outros
métodos de análise e a existência de abordagens
diferentes impede a estagnação, conclui Paulo Mendes.
"Tanto as ciências humanas como as ciências
exactas contribuíram para o progresso do conhecimento
humano. Mesmo na matemática precisamos de recorrer ao
conhecimento histórico para saber o que já se avançou
no nosso objecto de estudo", defendeu Rui Almeida, professor
do Departamento de Matemática da UBI.
Partilha
de conceitos une ciências
Divórcio
quer dizer não compreensão e não aceitação.
Dicotomia significa que ciências diferentes procuram atingir
os mesmos objectivos. Durante o debate, José Pires, professor
da Escola Superior de Educação de Castelo Branco,
opinou que "no nosso sistema de ensino existe uma profunda
divergência entre Ciências e Humanidades. É
preciso construir pontes para acabar com as fronteiras entre
os dois campos do conhecimento, mantendo a diversidade resultante
da origem das ciências".
O facto de ciências de ramos diferentes começarem
a partilhar os mesmos conceitos foi outra questão debatida."
Hoje há físicos que falam de democracia nuclear
na análise do comportamento das partículas",
salientou Nuno Augusto, sociólogo e docente da UBI
Na opinião de Isabel Fael, presidente do Conselho Executivo
da ESCM "para que os estudantes adquiram um conhecimento
estruturado é necessário que haja sentido e relação
significante entre as duas áreas de aprendizagem ".
Daí a necessidade de uma abordagem organizada dos programas
de ensino que permita a ligação entre os conteúdos
das disciplinas de línguas e literatura com os das ciências
exactas.
No final da conferência, a assistência manifestou-se
satisfeita com o debate de ideias e opiniões.
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