"A iniciativa é
meritória e o Departamento de Letras só pode ficar
satisfeito quando tem alunos capazes de levar por diante iniciativas
como esta". Foram estas as palavras utilizadas por Antonieta
Garcia, presidente do Departamento de Letras da UBI, para felicitar
o trabalho realizado pelos estudantes de Língua e Cultura
Portuguesas (LCP).
Apesar da pouca adesão dos alunos, que esta docente de
Literatura atribui ao facto de este tipo de iniciativas serem
pouco frequentes, o balanço acabou por se revelar positivo.
Este primeiro ciclo de conferências, que irá ter
um segundo momento em Maio, reuniu professores da UBI, da Universidade
de Lisboa e do Instituto Politécnico da Guarda. Os intervenientes
falaram de temas como a Cultura Republicana na Beira Interior,
a Importância do Dicionário para o Ensino-Aprendizagem
da Língua, o Ensino de Línguas e a Concepção
da Gramática no Ensino de Línguas.
Abordando a questão da Identidade Portuguesa, António
Santos Pereira, docente na UBI, afirmou que para defender essa
identidade é "fundamental apetrecharmo-nos tecnicamente,
vencer o analfabetismo e a ignorância, tornarmo-nos mais
cultos de forma a sermos gente que tenha para dar ao mundo mais
do que mão de obra".
O poder das palavras
As palavras são fundamentais para comunicar com os outros.
Assumindo um papel tão importante no processo comunicativo
é preciso, segundo João Malaca Casteleiro, docente
do Departamento de Letras da UBI, "despertar nas pessoas
a curiosidade pelas palavras. Sem as palavras deixaríamos
de ser humanos", adianta. Uma ideia também partilhada
por Antonieta Garcia que vê nas letras um espaço
de liberdade. "É maravilhoso que com 23 caracteres
gráficos se possa dizer tudo e estar continuamente a evoluir",
afirma. No entanto este espaço de liberdade exige um controlo
de forma a não cair no uso errado da língua. Daí
que Malaca Casteleiro tenha acentuado nesta conferência
a importância do dicionário para o ensino aprendizagem
da Língua No seu entender é fundamental, não
só ter um Dicionário de Línguas, mas também
um Dicionário Enciclopédico que nos informe sobre
a cultura de um povo.
Aprender Português
é difícil
Portugal é um país que tem vindo a apresentar-se
cada vez mais multicultural. Face a esta realidade, a maior parte
das universidades portuguesas sentiu a necessidade de pôr
em funcionamento cursos de Português para estrangeiros.
Estes cursos visam facilitar a integração no país
de pessoas provenientes de outros territórios.
Segundo José Pascoal, docente na Universidade de Lisboa,
"é fundamental intensificar a aprendizagem e ensino
de línguas de forma a fornecer uma maior mobilidade, uma
comunicação mais eficaz e uma melhoria das relações
de trabalho".
De acordo com Maria José Grosso, docente na Faculdade
de Letras da Universidade de Lisboa, as pessoas interessam-se
pela aprendizagem do Português porque lhes permite conhecer
melhor a cultura do nosso país e facilita a integração
no mercado de trabalho. No entanto, muitas acabam por desistir
no primeiro contacto que estabelecem com a Língua por
a acharem difícil. Um problema que reside, no seu entender,
no facto das gramáticas não serem de fácil
acesso. "Se a gramática for escrita em Português,
o aprendente não compreende nem os exemplos nem as explicações
que são dadas. Daí que a solução
seja uma gramática escrita na língua do aluno,
o que resolveria as dúvidas de aprendizagem", defende
esta docente de Linguística Aplicada.
Segundo Maria José Grosso, e a propósito de estar
a decorrer o Ano Europeu das Línguas, todo o europeu deveria
saber, além da sua, mais duas línguas porque "saber
uma língua é útil, abre os horizontes e
ensina-nos a aceitar melhor o outro", defende. Adianta,
porém, que este cenário não se verifica
já que a maioria das pessoas aprende apenas a língua
o inglesa. |