| A Associação
            de Defesa e Desenvolvimento da Serra da Gardunha (ADESGAR) recebeu
            na sexta-feira, 16, a visita de elementos da Comissão
            Europeia que vieram verificar, no local, o desenrolar do Projecto
            Life. Os responsáveis pelo plano na Gardunha fizeram notar
            as dificuldades sentidas, nomeadamente em termos financeiros
            e climatéricos. Argumentos que justificam o pedido de
            prorrogação do prazo de aplicação
            do Life. Pelo meio, ficou a ideia tornar a Asphodelus-bento-raínha,
            a planta única no mundo que cresce na Gardunha, ícone
            da Serra fundanense. João Pedro Silva, biólogo que coordena o projecto
            na Gardunha, aponta o mau  tempo que se fez sentir este ano como
            a principal causa para os atrasos que se estão a verificar.
            "As condições climatéricas impediram
            a implementação de um conjunto de medidas, que
             foram retardadas por falta de acessibilidade aos locais. Provavelmente,
            não vamos poder recuperar esse tempo perdido", refere.
            Outro constrangimento encontrado pelos técnicos é
            alguma falta de compreensão por parte dos habitantes,
            talvez pela pouca divulgação acerca do trabalho
            que está a ser feito. "Não andamos para aí
            a cortar pinheiros como as pessoas têm dito. Estamos é
            a fazer gestão florestal que tem de ser conscienciosa
            e com o apoio das pessoas para que não se criem mal entendidos",
            explica.
 Para além destes problemas, acrescentam-se os financeiros.
            O protocolo assinado entre as diversas partes, e que inclui a
            União Europeia, estabelece que a autarquia transfira 35
            mil contos para o projecto. O Life está a meio do percurso
            e, até agora, ainda só chegaram dois mil e 500
            contos. Manuel Arsénio, presidente da direcção
            da ADESGAR, mostra-se confiante que a Câmara resolva o
            problema e está já marcada uma reunião para
            discutir o assunto. O líder da ADESGAR salienta que "nunca
            houve dúvidas de que a edilidade iria satisfazer o compromisso
            assumido". Arsénio acrescenta que "não
            ficou especificado quais os montantes a ser cedidos", mas
            está disposto a "debater o valor das próximas
            transferências".
 Questões
            burocráticas também atrasaram
 Apesar das dificuldades encontradas, a avaliação
            da Comissão é positiva. Joaquim Capitão,
            responsável pelos Projectos Life portugueses confirma
            "a boa impressão obtida na reunião".
            "Tendo em conta os condicionalismos que nos explicaram terem
            existido, o Life está a avançar de uma forma satisfatória.
            Começou com alguns atrasos por questões burocráticas,
            mas penso que está a avançar a bom ritmo",
            acrescenta.
 Em relação à Asphodelus-bento-raínha,
            Capitão deixa o repto para que seja encarada como património
            da região, juntamente com a cereja: "É uma
            planta que não existe em mais lado nenhum e a sua importância
            fica demonstrada pela directiva da Comunidade Europeia que a
            incluiu na lista de conservação prioritária".
            Para João Silva, a planta é o verdadeiro símbolo
            da Gardunha e compara-a ao "lince na Malcata e à
            neve da Estrela". "Estas espécies são
            identificavas dos lugares onde crescem. Em Portugal deve-se tentar
            focar esses pontos como forma de dar a conhecer o património
            natural. A Asphodelus-bento-raínha pode ser o ícone
            desta serra", conclui.
 
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