"Educar
é orientar, conduzir". Foi com estas palavras que
o director do Centro Cultural e Social da Covilhã, o Cónego
José Geraldes abriu a sessão e realçou o
papel dos educadores na sociedade.
Conciliar autoridade e afecto, escola e família, parece
ser o remédio para um mal crescente nas escolas: as agressões
verbais e físicas, a violência, o conflito. Doutorado
em Psicologia da Educação, o Prof. Manuel Joaquim
Loureiro, do Departamento de Ciências da Educação
da UBI, alerta para o facto das escolas não se encontrarem
adaptadas às necessidades dos jovens. Segundo o docente,
"existem comportamentos reactivos" à autoridade
e à competição instalada nas salas de aulas.
"A autoridade tem um valor normativo, não está
despida dos afectos, o que implica reconhecimento, compreensão
e aceitação", salienta Manuel Loureiro.
Professores
coordenam consulta do adolescente
A Escola Secundária
Frei Heitor Pinto, é um exemplo de que autoridade e afecto
estão interligadas na formação dos alunos
enquanto cidadãos. A filosofia da escola é, segundo
o presidente do Conselho Executivo, José Manuel Rodrigues,
"actuar na prevenção". Para tal, a escola
dispõe de actividades extracurriculares como o atelier
de viola, o clube do ambiente, o desporto escolar, o grupo de
teatro, o centro de recursos informáticos e audiovisuais,
e o laboratório de propagação onde se procede
à clonagem de plantas.
Paralelamente, os jovens dispõem de um gabinete de apoio
ao aluno que, este ano lectivo, conta também com a "consulta
do adolescente". Combater os problemas característicos
da adolescência, é o objectivo desta equipa de professores.
O mau relacionamento com a família , e por vezes com a
escola, cria fobias, insegurança e desinteresse, o que
muitas vezes contribui para estados depressivos e violentos.
A coordenadora do projecto, Liliana Santos, refere que "é
necessário aconselhá-los e incentivá-los
para que não desistam dos seus objectivos".
Para além deste acompanhamento pedagógico e psicológico,
"a consulta do adolescente" dispõe ainda do
apoio de uma equipa do Centro de Saúde. Aqui, todas as
quartas-feiras de manhã, se desenvolvem acções
de esclarecimento na saúde reprodutiva.
No entanto, é preciso não esquecer que a realidade
desta escola não é uma regra, mas uma excepção.
A insegurança nas escolas atinge também o Interior,
como alerta a delegada regional da Associação Nacional
dos Professores do Ensino Secundário (ANPES), Ana Beatriz.
"As escolas desta região já registam casos
de violência e agressividade na ordem dos 30 por cento",
refere a delegada.
Escola e
Família são complementares
Há 30
anos, a professora Anabela iniciava a sua carreira numa zona
rural próxima da Covilhã. Nesta época, imperava
o culto da autoridade na educação. A professora
confrontou-se com situações em que a rigidez e
a carência de afectos eram uma constante. Contactou mesmo
com o pai de um aluno que salientava que "perder um boi
é pior que perder um filho".
Hoje, Anabela, professora e membro de duas associações
de pais, na Escola Básica número um, e na Escola
Secundária Frei Heitor Pinto, não tem dúvidas
"o desenvolvimento dos nossos educandos, depende da participação
e atenção dos pais. A escola não pode virar
costas à família, nem a família virar costas
à escola. Ambas se completam", conclui a professora.
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