Engenharia do Papel oferece
carreira promissora
Investigação
da UBI entre as melhores da Europa
Por
Patrícia Caetano
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A UBI é uma das universidades
europeias que mais se destaca em projectos de investigação
no âmbito da transformação do papel. Os Professores
Jacques Silvy e Rogério Simões deslocaram-se à
Grécia e a França, respectivamente, onde mostraram
que as investigações portuguesas na indústria
do papel estão na vanguarda.
Nos últimos quatro anos,
o Departamento de Engenharia do Papel da Universidade da Beira
Interior tem tido balanços muito positivos no âmbito
da investigação. Segundo Jacques Silvy, docente
do departamento, o facto de Portugal deter uma indústria
do papel promissora, aliada ao equipamento de alta tecnologia,
é uma riqueza na nossa economia, que justifica o interesse
dos investidores em projectos da UBI. Por outro lado, a ligação
do ramo do papel ao ramo têxtil e à química,
tem favorecido uma consolidação de conhecimentos
nesta área.
Jacques Silvy esteve na Grécia nos dias 2 e 3 de Março
como representante da UBI num dos workshops que o Parlamento
Europeu tem vindo a promover e financiar com o objectivo de reunir
especialistas na produção do papel. O objectivo
é que os investigadores, partilhem através de debates
os seus conhecimentos, opiniões e progressos científicos.
Silvy salienta a importância destes workshops para reunir
a nível europeu as pesquisas, as investigações,
e os problemas com que se debate esta indústria.
A sua comunicação incidiu no processo de Photothérmie,
onde se analisa a permeabilidade da água no papel. O processo
consiste em colocar uma gota na folha e verificar qual é
a velocidade de evaporação. Este método
tem sido estudado em laboratório, dado que é neste
espaço que se analisa e controla a qualidade dos produtos.
É um processo viável, que pode adaptar-se a realidades
e problemas complexos, como a permeabilidade da água nos
alimentos, e em diversos sectores industriais, como por exemplo
a indústria automóvel.
Modelizar e optimizar a
madeira
Entre 7 e 10 de Março,
o presidente do Departamento de Engenharia do Papel, Rogério
Simões deslocou-se a Bordéus, onde participou também
ele num workshop sobre a modelização. Este tema
pretendia que entre os investigadores se encontrassem modelos
que relacionem as características da madeira com as suas
possíveis utilizações. O objectivo, salienta,
"é maximizar o valor dos produtos e simultaneamente
evitar desperdícios no aproveitamento florestal".
Na comunicação apresentada, Rogério Simões
realçou a importância da modelização
no processo de transformação da madeira em pasta
química para o papel, de que dependem diferentes variáveis,
como por exemplo a temperatura. Contudo, alerta para o problema
da poluição pois "tem de existir uma relação
bidireccional entre a floresta, a tecnologia da madeira, e a
pasta e papel".
"Não há
motivação dos estudantes
para ingressar nesta indústria"
Segundo Jacques Silvy, "a
máquina do papel é uma catedral porque envolve
alta tecnologia". No entanto, o docente lamenta a desmotivação
dos jovens, que não se candidatam a estes cursos. "Existe
uma má comunicação, que aborda ângulos
negativos ao nível da poluição que esta
indústria causa no ambiente", comenta.
Mas, na realidade, em Portugal cerca de 40 por cento do papel
produzido é reciclado. Os estudos para optimizar os recursos
florestais sem os prejudicar têm-se intensificado. Por
outro lado, o Ministério da Ciência e Tecnologia
português, em conjunto com parceiros industriais, tem financiado
projectos universitários, que visam o desenvolvimento
da indústria da celulose, pasta de papel e papel.
O docente refere a necessidade de se incentivar o ingresso nesta
área, que atrai quer pela complexidade, quer pela remuneração.
É preciso não esquecer que o papel é uma
indústria próspera, especialmente em Portugal. |