"Se não existisse
associativismo, Portugal seria um deserto cultural e desportivo".
As palavras são de Alfredo Flores, presidente da Federação
Portuguesa das Colectividades de Cultura e Recreio (FPCCR). O
dirigente passou, na sexta-feira, 9, pela Covilhã para
um encontro com as colectividades do concelho e apontou baterias,
sobretudo, à política governamental em relação
ao associativismo. A reunião realizou-se no Salão
Nobre do GIR do Rodrigo e teve como finalidade anunciar e dar
pistas para o IV Congresso Nacional das Colectividades a realizar
de 6 a 8 de Abril, em Loures.
Flores começa por lembrar que as associações
desportivas e culturais "estão a substituir o Governo
na promoção e desenvolvimento da cultura e desporto
e, em vez de receberem subsídios, contribuem para o Orçamento
de Estado". O dirigente acusa o executivo de "desprezar"
e "explorar" o associativismo e de financiar apenas
a cultura e o desporto profissionais. Uma situação
injusta, acrescenta o presidente, uma vez que "essas instituições
já tem fontes de rendimento próprias". Assim,
afirma, "sentimo-nos abandonados e injustiçados,
pois somos verdadeiras escolas de cidadania e continuamos a ser
tratados como coitadinhos". Uma situação que
o responsável acredita poder ser mudada, caso o associativismo,
na sua estrutura de base, "seja repensado". Para tal,
Alfredo Flores apela à união das colectividades
e lança o desafio às colectividades covilhanenses
para a constituição de uma Associação
Concelhia, que englobaria os grémios do concelho, subordinada
à Federação Nacional.
Associação
Concelhia não agrada a todos
A ideia da criação de uma Associação
Concelhia, ou até, distrital, não agrada a todas
as colectividades e, questões sobre os moldes de funcionamento
de tal organismo foram de imediato levantadas. O próprio
presidente do GIR do Rodrigo, Carlos Pinto, mostrou-se céptico
quanto à sua constituição. "Não
porque não lhe reconheça benefícios",
afirma, mas porque, na região, apesar da existência
de quase duas centenas de grémios, "ainda não
há consistência associativa". Para o dirigente
covilhanense, "mais que união, falta um pouco de
formação de base no associativismo". E aponta
como exemplo o facto de terem sido convidadas cerca de 200 instituições
e apenas 30 terem respondido à chamada.
Alberto Flores reconhece que a Federação não
tem chegado da melhor forma a todos os pontos do País,
mas mostra-se convencido de que, com a filiação
de mais colectividades, o movimento associativo se tornará
mais "pujante". O passo que falta, adianta, "é
o de as associações tomarem consciência do
seu próprio valor". Os dirigentes, acrescenta, "estão
demasiado ocupados com os seus projectos e actividades e não
têm tempo de reflectir sobre o seu papel na sociedade".
Para o Congresso de Abril, o dirigente pretende "uma proclamação
reivindicativa que reflicta as ansiedades do movimento associativo
perante a posição do Poder Central". Um espaço
onde, acredita, "uma Federação Nacional forte
pode exigir aquilo a que as pequenas associações
têm direito". |